“Sicko” de Michael Moore
Do documentário ficcional para o documentário “real”!
Goste-se ou não do estilo impetuoso e sarcástico de Michael Moore, a verdade é que ele é uma figura ímpar do cinema documental norte-americano. O seu mediatismo, a sua postura, os temas que aborda fazem com que, actualmente, seja o realizador de documentários mais famoso do Mundo, arrisco que para muitos seja mesmo, o ÚNICO realizador de documentários que conhecem.
Os seus três último trabalhos, Bowling for Columbine (sobre o massacre no liceu de Columbine), Fahrenheit 9/11 (onde se debruça sobre o fatídico dia 11 de Setembro de 2001) e agora este Sicko, figuram entre os 5 documentários mais vistos de todos os tempos.
Bem sei que a qualidade do cinema não deve ser medida pelo número de espectadores que atraí mas, parece-me, que para convencer tanta gente deve ser preciso algum talento!
Deste vez a sua “fúria” é dirigida ao sistema nacional de saúde norte-americano, o qual, segundo Moore, tem dois pesos e duas medidas consoante o rendimento das pessoas. Controlado pelo lobby das seguradoras, os cidadãos norte-americanos que possuam um seguro de saúde estão abrangidos por uma das melhores redes de saúde do Mundo. Por outro lado, aqueles que não podem ou não querem depender das seguradoras têm “direito” a tratamentos de saúde próximos aos dos países mais atrasados do 3º Mundo!
É esta batalha que Moore quer travar! Pelo meio ainda temos uma viagem de barco a Cuba que lhe valeu uma investigação por parte das autoridades norte-americanas e uma inestimável dose de publicidade gratuita para promover o filme.
A verdade pode ser vista de diferentes prismas e a verdade de Michael Moore não é necessariamente a única que existe, porém é inegável que ao colocar alguns assuntos na ordem do dia, o realizador fomenta discussões que só poderão beneficiar a evolução da sociedade norte-americana e, quem sabe, do resto do Mundo.
Após alguns adiamentos parece que lá para Setembro teremos oportunidade de ver este Sicko, partindo do princípio, é claro, que a distribuidora nacional do filme não considere o assunto demasiado americanizado para interessar ao público Português.
Tenho certas dúvidas que a distribuidora meta o filme nas salas de cinema, mas no caso de isso acontecer, lá teremos de andar a procurar em qual raridade de centro comercial é que irá estar.