“Golpe Quase Perfeito/The Hoax” de Lasse Hallström
Parece que as minhas piores suspeitas se irão confirmar.
Tal como já aqui tinha referido na Antevisão, o filme parece “aterrar” no nosso país sem grande aparato e sem o reconhecimento devido. Ainda para mais, numa altura em que os espectadores procuram entretenimento e boa disposição, um filme tão sério, ainda que bem humorado e com momentos bem conseguidos, dificilmente será um sucesso de bilheteiras.
Para dificultar ainda mais a situação, a verdade é que o filme é um pouco limitado em termos de ritmo e de intensidade narrativa, valendo-se sobretudo do trabalhos dos actores e duma história real que, de tão inverosímil, chega a parecer natural! É verdade que o Verão não tem sido dos mais quentes mas, a meu ver, o Outono seria uma época mais propícia a este género de filmes.
Mas foquemo-nos nos aspectos positivos. Richard Gere terá neste filme uma das melhores performances da sua carreira, encarnando de forma precisa e, por vezes, assustadora, o complexo escritor Clifford Irving (falta ainda muito tempo, mas será que os prémios deste ano irão contemplá-lo?). De seguida será injusto não destacar Alfredo Molina (Spider-Man 2), no papel do seu fiel amigo e companheiro de escrita e Marcia Gay Harden, como sua esposa. Dois desempenhos que, para além de completarem com elevada qualidade o trabalho de Gere, são também eles mais valias fundamentais para este filme.
O realizador Lasse Hallström não brilha mas também não compromete, deixando aos actores a responsabilidade de “transportar” o filme, preocupando-se apenas em manter algum suspense em relação à narrativa, percebendo-se que, também ele, desfruta de toda esta situação.
No final fiquei com curiosidade de ler a obra escrita por Irving. Não necessariamente o livro The Hoax no qual é baseado este filme, mas sim, a bibliografia “autorizada” de Howard Hughes que na década de 70 colocou um país inteiro em alvoroço.