“Peões em Jogo (Lions for Lambs)” de Robert Redford
Independentemente do ponto de vista utilizado para “ver” este filme uma conclusão parece óbvia: estamos a falar de uma obra que, no menos, será uma crítica acérrima à política militar norte-americana e ao envolvimento/alheamento da sociedade civil face aos seus direitos e obrigações decorrentes de um estado democrático.
Isso mesmo! não esperem 1h30 de entretenimento, acção ou aventura, o filme é um objecto de reflexão perante a actual conjuntura internacional e, sobretudo, perante as estratégias delineadas pela actual administração Bush.
Os partidários com a actual política da Casa Branca vão interpretá-lo como um objecto infundado de propaganda política. Os seus contestatários vão utilizá-lo para reforçar as suas convicções.
Tal como avançado na Antevisão o filme é composto por algumas histórias interligadas entre si e que evoluem em simultâneo. Temos a entrevista concedida pelo congressista Jasper Irving (Tom Cruise) à jornalista Janine Roth (Meryl Streep) em que este lhe dá a conhecer os últimos planos da Casa Branca para a guerra no Afeganistão; a operação militar levada a cabo pelos dois antigos alunos do Professor Stephen Malley (Robert Redford), Arian Finch (Derek Luke) e Ernest Rodriguez (Michael Peña) que se encontram na frente de batalha, em pleno Afeganistão; e a reunião de acompanhamento entre o Prof. Malley e Todd Hayes (Andrew Garfield), um brilhante mas desinteressado aluno que é criticado pelo professor dado o injustificável desperdício de talento que ele representa.
Ou seja, não se trata apenas de pôr a baixo a actual estratégia militar dos EUA, o filme preocupa-se sobretudo em pôr a nu a complacência de todos perante a actual situação, ao preferirem uma posição mais egoísta e distante em detrimento de reivindicarem os seus direitos e deveres cívicos para se fazerem ouvir e influenciarem as decisões!
Apesar de inundado de talentos, desde o magnífico elenco até ao realizador do filme (o próprio Redford), passando por um argumento bastante interessante regado por corrosivos diálogos, parece-me que o filme não terá um percurso comercial condigno com a sua qualidade.
Actualmente o cinema funciona muito mais como forma de escape, de entretenimento e de fuga face à “realidade” do que propriamente como um meio de crítica e de alerta face ao status quo actual. Mesmo com o positivo boca-a-boca que de certeza irá gerar, acho que não deixará de ser um filme para minorias, para aqueles que procuram no filme não o alheaamento da realidade, mas sim, a sua compreensão!