“Reservation Road – Traídos pelo Destino” de Terry George
Terry George (argumentista de In the Name of the Father) voltou à ribalta em 2004 com a realização e argumento de Hotel Rwanda, um filme nomeado para os Oscars desse ano que abordava de forma intensa e (quase) imparcial a limpeza étnica que teve lugar nesse país na década de 90.
Muda o cenário, muda a temática mas mantém-se a intensidade e imparcialidade. Desta vez duas famílias com realidades sociais bem distintas, ainda que ambas financeiramente estáveis, são assoladas por um trágico acidente.
Mark Ruffalo é Dwight o pai divorciado que vê no filho e na paixão de ambos pelos Red Sox’s (equipa de basebol de Boston) as únicas luzes brilhantes de uma vida instável. Já Joaquin Phoenix e Jennifer Connelly formam o casal perfeito, pais de dois filhos e com uma vida maravilhosa à sua frente. Porém, num segundo a vida de todos será para sempre alterada quando uma distracção leva Dwight a atropelar o filho de Ethan e Grace.
A dor, o remorso, a culpa e a “vingança” inundam as suas vidas e enquanto uns encontram finalmente um caminho, outros envolvem-se numa espiral de loucura que os distancia cada vez mais. Porém, o destino é bem mais cruel do que se poderia pensar…
Apesar dos desempenhos seguros de todos os actores o “segredo” do filme está na forma como Terry George trata todas as personagens com o mesmo respeito e igualdade. Ao não julgar, o realizador norte-irlandês permite-nos conhecer ambas as realidades e perceber que o cinzento é uma cor bem mais presente do que o preto e branco.
Seguramente não se trata de um filme de entretenimento nem, infelizmente, tem a dimensão dramática e a inovação para se tornar num caso isolado no cinema actual. Mas não deixa de se tratar de uma história que nos faz reflectir um pouco sobre a vida, as relações e as consequências de todas as nossas acções.
Não irá fazer mudar comportamentos mas é suficientemente preciso para nos fazer parar um pouco ou, no mínimo, abrandar!
Uma última palavra para Elle Fanning, a irmã mais nova do prodígio Dakota Fanning que promete seguir as pisadas certeiras na sua maninha mais velha. Ainda não deslumbra mas já se nota que o talento está lá!
Deve ser mesmo dom de família!
Mais pipocas, muitas mais pipocas merecia! 🙂 Um filme inquietante, que nos prende ao ecrã.. que quando acaba só dá vontade de sair e entrar novamente para ver a sessão seguinte! Para quem gosta de ver a realidade crua…