“Tudo o que Perdemos/Things We Lost in the Fire” de Susanne Bier
Meio ano depois da sua estreia nos EUA chegou finalmente a Portugal um dos filmes que deu nas vistas na temporada pré-Oscars. A sua ausência nas listas finais dos prémios de 2007 acabou por atrasar (e por em causa, digo eu!) o seu percurso pelas nossas salas de cinema mas eventualmente lá acabou por cá chegar.
Sem grande (ou nenhuma) promoção, alarido ou entusiasmo o filme arrisca-se a passar completamente despercebido.
INFELIZMENTE! porque merecia um tratamento especial!
2 actores (Berry e Del Toro), vencedores de um Oscars que apesar de percursos bastante distintos demonstram toda a sua qualidade; um outro que surpreende pela consistência ao longo de todo o filme (Duchovny), um argumento e uma montagem bastante precisos, sóbrios e intensos e uma realização (a cargo da dinamarquesa Susanne Bier) que deixa inveja a muitos nomes consagrados do cinema, fazem desta obra umas das grandes pérolas esquecidas de 2007.
Desde que ganhou o seu Oscar por Monster’s Ball, nunca mais Halle Berry acertou num argumento e (num desempenho, deva-se dizer) de qualidade, já Benicio Del Toro, depois de Traffic tem prosseguido uma carreira consistente que poderá muito bem atingir o seu ponto mais alto (e o reconhecimento dos seus pares) este ano com a dupla obra de Steven Soderbergh sobre a vida de Ernesto “Che” Guevara.
Juntos transmitem-nos a credibilidade e a empatia suficientes para nos catapultarem para esta história de amor, dor e perseverança que nos demonstra que a vida tanto nos dá como nos tira, cabendo a nós escolher qual a que vamos guardar no coração!
Audrey (Berry) e Brian (Duchovny) parecem levar uma vida perfeita. Dinheiro, uma casamento estável e um casal de filhos que preenchem-lhes os dias. Por seu lado Jerry (Del Toro) é um ex-advogado perdido para as drogas cujo único laço com o mundo “real” é a sua longa amizade com Brian. Repentinamente, no momento em que o mundo de Audrey desaba, será Jerry, a mais improvável ajuda, quem estará a seu lado para a ajudar a chorar a sua perda.
Desta relação, em que cada um recebe mais do que aquilo que dá, iremos perceber que há alguns valores na vida que não podem ser medidos, comparados ou postos em causa.
Verdadeiramente um filme que nos prende do primeiro ao último minuto, em que mesmo os corações de pedra sentirão um ligeiro toque de emoção.
Já não há muitos filmes assim!
INFELIZMENTE!
Lindo, Lindo, Lindo!Não há outra palavra para descrever!Um filme que nao deixa nenhum momento para respirar!No final nao queremos sair da sala, e na cabeça misturam-se um torbilhão de ideias! De chorar por mais!!