“Houdini – O Último Grande Mágico/ Death Defying Acts” de Gillian Armstrong
Houdini é uma daquelas palavras “mágicas” que preenche o meu imaginário há vários anos! Não que seja um grande apreciador de truques de magia (algo me diz que há sempre uma explicação para tudo) mas o maior mestre da arte da ilusão é quase como uma figura mitológica ou um herói de banda-desenhada!
Um filme com o seu nome (ainda que apenas no título português) funcionou às mil maravilhas para me atrair até à sala de cinema. Para mais Guy Pearce (Memento) não é exactamente uma super-estrela de Hollywood, o que lhe garantiria um certo mistério em torno da personagem mantendo essa imortalidade na história.
O problema é que o filme não será propriamente um retrato da vida e obra d’O Último Grande Mágico mas sim um ensaio sobre a vida, o amor, a fama e as crenças, numa altura (anos 20) em que ser famoso era ainda uma novidade para todos: a pessoa em causa, aqueles que o rodeavam e mesmo para o público em geral.
Situado na rural cidade de Edinburgh, Escócia, o filme gira em torno da relação estabelecida entre Harry Houdini (Pearce) e uma bela mas maliciosa “vidente” (Catherine Zeta-Jones), aquando da passagem do mágico por aquela cidade, durante a sua última digressão internacional. Apesar da sua relutância em acreditar em “artes” paranormais Houdini irá deixar-se envolver (ou será mais o contrário?) pela bela Mary McGarvie, numa trama que envolve ainda a filha desta, a enigmática e atrevida Benji (Saoirse Ronan).
Mesmo perante a resistência do seu manager (Timothy Spall) ele irá desafiá-la para um número inédito que colocará à prova todas as suas convicções e medos. Porém, ambos irão acabar por encontrar bem mais do que o que procuravam.
Propositadamente ou não, a meu ver a grande lacuna do filme é a indefinição relativamente ao seu objectivo. Teremos verdadeiramente um retrato psicológico do que foi Houdini ou estamos perante um ensaio sobre a insensatez de desafiar a morte e viver nos limites.
No fundo é este o dilema que os próprios títulos do filme (português-inglês) comportam em si mesmos.
Claro está que a hesitação leva a que o filme não chegue a lado nenhum e quando assim é torna-se difícil de o apreciar descomplexadamente.
Valem-nos as interpretações, em especial de Pearce e Ronan, e a recriação de uma época longínqua.
Nota: Veêm produtores do filme Padrinho … mas Pouco, isto é a Escócia há 100 anos atrás! Demasiado próximo da forma como a retrataram no vosso filme, não?!!?!