“Traffic” de Steven Soderbergh

Após o brilhante desempenho de Benicio Del Toro em Things We Lost in the Fire, nada mais justo do que relembrar o filme que lhe valeu o seu Oscar como actor secundário (logo veremos se em breve não irá acrescentar alguma estatueta ao seu curriculum!).

Uma histórica fantástica, um realizador talentoso em plena forma, um leque de actores fabuloso, são alguns dos argumentos que explicam a grandiosidade deste filme, vencedor de 4 Oscars em 2000, juntando à de Actor Secundário, as estatuetas por Melhor Montagem, Argumento Adaptado e Realizador!

Tendo como ponto comum o problema/combate/tráfico de droga,, o filme apresenta um mosaico incrível de histórias que se interligam ligeiramente, para demonstrar que este flagelo é bem mais próximo, mortífero e impiedoso do que aquilo que queremos acreditar.

Assim temos Javier (Del Toro) e Manolo (Jacob Vargas) 2 polícias que tentam chegar ao coração de uma importante organização de tráfico de droga, centralizada na fronteira dos EUA com o México.
Entretanto o conservador juiz Robert Wakefield (Michael Douglas) é nomeado para o cargo de Director Geral do Combate à Droga enquanto que, por pura ironia, a sua filha e o namorado (Topher Grace em estreia na 7ªarte) estão envolvidos num caso de consumo e tráfico de drogas.
Por fim, em San Diego dois polícias infiltrados (representados por Don Cheadle e Luis Guzmán) prendem um importante membro de uma organização ligada ao tráfico de droga, Eduardo Ruiz (Miguel Ferrer) que em troca de imunidade aceita denunciar os seus pares.

Não bastasse, ainda podemos encontrar nomes como Catherine Zeta-Jones, Denis Quaid, Benjamin Bratt, James Brolin, em outros enredos paralelos que se vão cruzando com as histórias principais.

Mas, se a nível do argumento e de desempenhos o registo já era impressionante, que dizer dos restantes contributos técnicos que transformam o filme em algo realmente memorável.
Primeiro que tudo a realização trepidante e irrepreensível de Steven Soderbergh que (re)entrou pela porta grande em Hollywood para se tornar num dos mais conceituados realizadores actuais, muito graças à sua dupla nomeação para o Oscar de Melhor Realizador nesse mesmo ano (a outra foi por Erin Brockovich). De seguida a montagem electrizante e cativante de Stephen Mirrione (também ela reconhecida com um Oscar). E por último, a Fotografia também da responsabilidade de Soderbergh, que vai ao pormenor de utilizar diferentes tonalidades em cada história de forma a facilitar a sua identificação e a transpor o filme para um patamar diferente.

O melhor que se pode dizer a respeito de Traffic é que mesmo depois de tantos elogios, muito ficou por dizer. Sem dúvida que o filme tem uma forte mensagem social e política mas primeiro que tudo não deixa de ser uma obra invejável, pensada ao milímetro e executada na perfeição.

A ver ou rever já!

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