“Ficheiros Secretos: Quero Acreditar/The X-Files 2” de Chris Carter
Da comédia de acção ao suspense dramático, em apenas 24h!
Maior contraste seria difícil!
Depois de Maxwell Smart o mais inesperado de todos os protagonistas seria mesmo Fox Mulder!
10 anos depois de ter chegado ao cinema pela 1ª vez ao cinema e 6 anos depois do fim da série (na altura já sem Mulder), os Ficheiros Secretos voltam à ribalta. A legião de fãs pode já não ser a mesma mas certamente não faltarão apreciadores desejosos por reviver as noites de 5ª feira.
Claro está que o tempo passou por todos. David Duchovny apesar da dificuldade em se impor na 7ª arte, tem registado alguns bons desempenhos ainda que nenhum tão impactante como o seu regresso à TV, na série “de culto” Californication.
Já Gillian Anderson tem sentido mais dificuldades em se desligar de Dana Sculy, pelo menos no que da 7ª arte se refere.
Por fim, Chris Carter, o mítico criador da série, liberto de outras obrigações, acumula agora as funções de realizador com as de argumentista, notando-se a preocupação em manter o suspense e a ansiedade até mesmo o finalzinho.
Isto porque, enquanto no primeiro filme a premissa girava em torno da omnipresente relação de Mulder com ET’s, este segundo “episódio” opta por seguir os moldes utilizados na série e apresenta-nos um caso “solucionável”.
Porém nem tudo funcionan exactamente como antigamente.
Os dois ex-agentes estão há muito afastados do FBI, prosseguindo com as suas verdadeiras vocações. Mulder (Duchovny) a análise das mais elaboradas teorias da conspiração e Sculy (Anderson) a medicina.
No entanto alguns factos (par)anormais relacionados com o desaparecimento de um agente do FBI levam a agente Dakota Whitney (Amanda Peet) a procurar ambos para a ajudarem a resolver este mistério.
Há medida que o caso se adensa vamos percebendo melhor o que foi feito da vida destas personagens, aquilo que tiveram de abdicar e aquilo em que se transformaram durante os últimos anos, acabando por serem colocadas à prova todas as suas convicções!
Tal como já referido a grande aposta deste filme foi recuperar o espírito muito próprio (e de muito sucesso) que transformou uma série de ficção-científica e suspense num dos marcos incontornáveis do showbiz na década de 90.
Como filme isolado, esta obra deixa um pouco a desejar. Aqueles (se é que os há) que não conhecem minimamente as personagens e as suas convicções provavelmente irão sentir-se um pouco confusos e deslocados.
Talvez os mais puristas sintam falta de maior coragem e agressividade em levar o filme mais além. Mas entre agradar os fãs e apresentar um filme adequado à conjectura actual, Chris Carter acaba por jogar pelo seguro e apresentar-nos uma obra acessível.
Pode não ser X-Files vintage mas não deixa de ser suficientemente bom para ajudar a matar saudades de uma série que deixou a sua marca!