“Terra de Bravos/Home of the Brave” de Irwin Winkler
Mais de 1 ano depois da sua estreia nos EUA (altura em que vos deixei aqui a sua Antevisão) chega finalmente ao nosso país a mais recente obra do veterano realizador/produtor Irwin Winkler. Mais um retrato sensível dos efeitos da Guerra no Iraque na sociedade norte-americana e mais precisamente ena vida de 4 soldados após o seu regresso da frente de combate.
Muito se tem falado sobre a legitimidade (política) ou necessidade (militar) das tropas norte-americanas se encontrarem no Iraque. Porém é bem mais raro se discutir os efeitos que isso tem nas pessoas que efectivamente estão no terreno. Pelas boas ou más razões, em boas ou más condições a verdade é que são aos milhares as tropas que regressam a casa a cada ano. Esse retorno à “vida normal” muitas vezes é dado como algo garantido, quando na realidade tudo é bem mais cinzento do que o que aparenta.
No mesmo dia em que recebem a notícia que irão regressar a casa 4 soldados do exército norte-americano que se encontram no Iraque são alvo de uma emboscada. As suas acções, os acontecimentos e os resultados irão marcá-los para sempre. De regresso a casa, o cirurgião Will (Samuel L. Jackson), a responsável de manutenção e professora de Desporto Vanessa (Jessica Biel) e os soldados Tommy (Brian Presley) e Jamal (50 Cent) irão lidar, cada um à sua maneira com um mundo bem diferente daquele a que se tinha habituado. Deslocados, traumatizados, inadaptados, perdidos ou simplesmente sozinhos, eles terão que regressar a uma sociedade que prossegue sem eles mas que ao mesmo tempo anseia pelo seu regresso.
Esta questão dos “retornados” não é uma situação nova num país que desde há muitos anos se habituou a lutar as suas guerras bem longe das suas fronteiras. As campanhas no exterior fazem parte da vida de várias gerações numa mesma família, assim como os traumas e as dificuldades em se reintegrarem. Porém, quando se está perante uma guerra mal explicada e incompreendida por muitos, esses dilemas assumem outra dimensão.
Já assim o tinha sido com o Vietnam e agora a história lamentavelmente parece repetir-se!
Dividido entre a homenagem aos seus combatentes e a crítica a uma Guerra mal explicada, o filme faz-nos reflectir por um lado na coragem e no espírito de sacrifício dos que lá vão mas, também, nos leva a ponderar se realmente os meios justificam sempre os fins (por muito nobres que estes sejam!).
Deixem as pipocas para outro dia. Hoje é altura para reflectir e sentir…