Passatempos

Home » Estreias » “Austrália” de Baz Luhrmann

“Austrália” de Baz Luhrmann


Ao longo dos anos tenho vindo a desenvolver uma espécie de “armadura” perante as opiniões externas. Não raras vezes tratam-se de devaneios completos de “críticos” com segundos propósitos ou com meros lapsos intelectuais de quem se dedica apenas a mal-dizer. No entanto, nem sempre é fácil fazê-lo. É que, às vezes, eles acertam mesmo, e nada melhor do que ficar de sobreaviso!

Dito isto, as minhas expectativas relativamente a este filme podem ser comparadas a uma viagem na montanha-russa. Primeiro a alegria pelo regresso de Baz Luhrmann ao cinema (ainda por cima com um elenco de luxo!). Depois a relutância face ao abandono de Russell Crowe e à sua substituição por Hugh Jackman.
As primeiras imagens e a promessa de um filme “épico” e, por fim, as críticas implacáveis classificando-o como uma desilusão, acompanhadas pela ausência de nomeações nos Golden Globes.

Hoje (quase uma semana depois de assistir à sua ante-estreia) ainda me custa a perceber onde foram buscar tanto de mal para dizer!

Sejamos honestos.
Inequivocamente que a química entre os protagonistas (e consequentemente o “romance”) deixa muito a desejar mas, fora isso, o filme é um regalo para os olhos … e para os corações!

O grande “segredo” do filme é que ele não é sobre uma burguesa inglesa que conhece e se apaixona por um “bruto” cowboy australiano. É sim, sobre um enorme país e sobre um do seus “espécimes” mais peculiares, o mestiço Nullah (Brandon Walters).

Mais que o amor que nutrem um pelo outro, o que de facto irá unir Sarah Asley (Kidman) e Drover (Jackman) é a sua paixão incondicional pelo jovem Nullah. Ele é filho de pai branco e mãe negra e descendente de um “feiticeiro” aborígene (povo que habita a Austrália desde os seus primórdios. Num período marcado pelas denominadas “gerações roubadas”, a vida e o futuro desta criança será o principal ponto de ligação entre dois adultos oriundos de mundos completamente diferentes!

Na 1ª metade do filme assistimos ao nascer de uma paixão intensa (ainda que não tão explosiva como o que seria de esperar). O amor entre Sarah e Drover é demasiado instantâneo, demasiado linear, demasiado fácil. Não será difícil identificarmos com essa relação mas ao mesmo tempo – muito por culpa dos desempenhos dos protagonistas – ela parece artificial, sem chama, sem dor, sem sacrifício!

Num 2º momento, coincidente com o alastrar da II Guerra Mundial ao território australiano, percebemos que o centro de tudo gira em redor desta criança enigmática – brilhantemente representada pelo jovem Brandon Walters – e da forma inocente com que nos toca a todos!

Mas nem só da história ou do romance vive o filme. O realizador Baz Luhrmann pode não garantir consenso em termos narrativos mas no que diz respeito ao aspecto visual pouca há a lhe apontar. Paisagens maravilhosas, uma fotografia invejável e todos os pormenores técnicos que nos transportam para uma época e um espaço diferente! A momentos sentimos-nos (literalmente) como que a pairar por cima da acção, observando, de forma global, tudo o que se encontra ao “nosso” redor.

Para ser um Clássico larger than life (tal como proposto na sua Antevisão) falta-lhe apenas um Romance sublime que nos deixe suspensos no seu desenlace!
Fora isso, estão lá todos os condimentos necessários para se tornar num filme memorável!

Mais uma vez se comprova que não há fumo sem fogo.
Neste caso, é pena porque o filme merecia ser perfeito…

Site Oficial
Trailer
Trailer 2
Trailer 3

About

Já vão 16 anos desde que começámos este projeto. Expandimos para o facebook, para o twitter, para o youtube para o instagram e agora temos um site personalizado. Publicamos crítica, oferecemos convites e partilhamos a nossa paixão pelo cinema. Obrigado por fazeres parte dela!

Leave a Reply