“Appaloosa” de Ed Harris
Com o seu 1º filme atrás das câmaras, Pollock, Ed Harris conquistou a simpatia da crítica e a sua 1º nomeação como Actor Principal, ao encarnar o famoso pintor que dá nome ao filme.
Alguns anos volvidos, um dos mais talentosos actores de composição da actualidade (infelizmente nunca foi um protagonista de grande renome), volta a assumir as funções de realizador num filme que chegou a ecoar lá para os lados de Hollywood, em plena época de prémios.
Mas não vem só! Desta vez compartilha o protagonismo com Viggo Mortensen, numa dupla de oficiais da lei contratada para impor a lei (à força da bala) numa remota cidadezinha do western americano, Appaloosa.
Com um enredo simples e directo, Harris acrescenta a sua visão e sensibilidade a um género imortal. Não me recordo, desde Unforgiven, de ver um western tão sério e “actual”.
No entanto que a referência à obra do mestre Eastwood não provoque qualquer arrepio nos fãs e opositores (acredito que também os haja!) do filme vencedor dos Oscars em 1992.
Aquilo que Unforgiven tinha de introspectivo, glorificante e até mesmo de poético, é substituído em Appaloosa, por uma abordagem bem mais consensual e descontraída.
Finais do séc. XIX.
Os mais poderosos senhores de uma pequena cidade no New Mexico (estado dos EUA) vivem assustados pela presença e desrespeito à ordem pública de um arrogante e ambicioso fazendeiro (um eterno Jeremy Irons) que não olha a meios (nem leis) para impor a sua vontade.
Para pôr termo a essa situação, eles contratam os serviços de Virgil Cole (Harris) e do seu adjunto Hitch Everett (Mortensen).
O novo Marshal rapidamente irá impor as suas leis, de forma a devolver a Appaloosa a paz e prosperidade desejada. No entanto, a chegada à cidade de uma jovem viúva, Allie French (Renée Zellweger) fará com que este não seja apenas mais um trabalho para ambos.
Se Harris merece muito do mérito do filme, Viggo com um desempenho minimalista e contagiante (aliás num reflexo exacto da sua carreira longe do brilho de Hollywood) acaba por agarrar no filme, transformando-o numa obra deveras interessante. Sobretudo reconhecido pelo seu papel de Aragorn na saga O Senhor dos Anéis, Mortensen tem fugido a 7 pés de projectos mais comerciais, cingindo-se a obras mais intimistas e diversificadas.
Com isso perdemos uma super-star mas ganhamos um actor brilhante!
Longe do circuito mais comercial, o filme certamente encontrará o seu público, o qual não dará o seu tempo como perdido!
Pôr-do-sol, duelo, poeira e a solitária cavalgada em busca de um futuro (diferente)!