“Louca por Compras (Confessions of a Shopaholic)” de P.J. Hogan

Umas mini-férias impossibilitaram-me de compartilhar antes, a minha opinião sobre a mais recente aposta no cinema norte-americano no género dos “filmes para miúdas” (chick flicks).

Já no comentário a Bride Wars tínhamos aludido ao facto do género estar, mais que nunca, no topo das prioridades dos executivos de Hollywood (leia-se Jerry Bruckheimer), experimentando diferentes ângulos de uma mesma fórmula: bom-humor, um enredo simples mas coerente, a dose certa de sentimentalismo e uma, ou várias, protagonistas do sexo feminino – em suma, os efeitos do enorme sucesso de Sex and the City!

Depois de casamento e infidelidades, o tema central neste filme é a dependência (feminina) por compras. Quanto estão contentes ou deprimidas as mulheres compram, quando estão cansadas ou revigoradas as mulheres compram, quando estão ricas ou na falência … as mulheres … compram!

Machismos à parte, o filme acaba por fugir facilmente do universo lógico de qualquer homem, não deixando contudo, de ser-lhe bastante familiar na figura da sua mãe, irmã, mulher ou filha! Dificilmente qualquer um de nós (homens) não encontrará no seu círculo familiar um espécime que se assemelhe com enorme precisão, aos comportamentos da protagonista e demais semelhantes.

Rebecca Bloomwood (Isla Fisher) padece de uma doença terrível ainda que bastante comum, é VICIADA EM COMPRAS! O acto de comprar algo que realmente necessita ou o objecto mais inútil que possam imaginar, transforma, como que da noite para o dia, a sua disposição, a sua aparência, o seu sistema nervoso!
Mas nem tudo são rosas! A sua conta bancária há muito ultrapassou o vermelho, as dívidas acumulam-se e as suas perspectivas de emprego vão de mal a pior.
É então que conhece Luke Brandon (Hugh Dancy), editor de uma revista financeira que a contrata – vá-se lá saber como – para dar um ar mais fresco à sua revista.
No entanto, o passado de Bex persegue-a e não faltará muito até que a confronte na sua “nova” vida!

Isla Fisher (Weeding Crashers, Definitely, Maybe) tem aqui a sua 1ª grande oportunidade como protagonista, num papel que parece encaixar plenamente na sua imagem um pouco louca (ou não fosse ela casada com Sacha Boran Cohen – aka Borat – na vida real!).
Apoiada por um argumento engraçado e uma realização hábil, por uma elenco secundário de vasta qualidade (Joan Cusack, John Goodman e Kirstin Scott Thomas) e um parceiro em evidente ascensão (Dancy), Fisher passa com distinção a sua prova de fogo, assim como o filme!

Sem nunca o tornar demasiado feminista, o realizador P. J. Hogan, volta a demonstrar (uma dúzia de anos depois de O Casamento do Meu Melhor Amigo) que não lhe falta talento para nos entreter, necessitando, quiçá, de um argumento/orçamento mais ambicioso para se lançar em outros projectos.

Em resumo, um filme que nos entretém e diverte de início ao fim – não obstante a sua excessiva previsibilidade – e que ainda tem tempo para uma “subtil” crítica aos excessos da actual sociedade de consumo!

Très bien…

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