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“The International – A Organização” de Tom Tykwer


Terá o cinema capacidade para imitar a vida real?

Até que ponto nos encontramos subjugados a um poder universal, sem escrúpulos e promíscuo que não olha a meios nem a pessoas, para alcançar o lucro e o bem estar dos seus líderes?
Serão, realmente, os Bancos o elemento central de uma tal ORGANIZAÇÃO?

Honras de abertura do último Festival de Berlim, The International é um daqueles filmes que arrepia pela sua precisão. Numa altura em que a economia mundial vive os dias (ou meses) mais negros da sua História (recente) e em que as entidades bancárias são apontadas como as principais responsáveis por essa instabilidade, surge um filme que expõe de forma “violenta” as perigosas ligações de um Banco “fictício” a um mundo de contrabando, corrupção, tráfico de influências, assassinatos e empréstimos bancários!

Louis Salinger (Clive Owen) ex-Scotland Yard e actualmente agente de terreno da Interpol, persegue há alguns anos um longo (e visível) rasto que liga o Banco IBBC, liderado pelo seu intocável Presidente, Jonas Skarssen (Ulrich Thomsen), a uma série de transacções duvidosas, relações perigosas e homicídios encobertos.
Com o aprofundar da investigação e com o crescente número de envolvidos que são eliminados da forma mais estranha … ou declarada, Salinger terá de confrontar os seus próprios ideais para ter alguma hipótese de sucesso perante a extensão e perigosidade dos interesses em jogo.

Não se julgue que a ausência da personagem de Naomi Watts na breve sinopse apresentada se trate de um mero lapso. Ela resulta, sim, da clara constatação que a sua personagem parece ter sido (praticamente) eliminada na mesa de montagem. O seu papel acaba por ser praticamente irrelevante perdendo-se, quiçá, uma boa oportunidade de adensar um enredo já de si meritório e de “utilizar” convenientemente uma actriz de qualidade reconhecida.

Derivando entre a intriga política e o thriller, o filme é pontuando por algumas cenas de acção de garantida qualidade cinéfila, utilizando alguns cenários inovadores (nomeadamente o Museu Guggenheim em NYC) de elevado potencial.
Mas, entretenimento à parte, o seu principal activo (não senhoras, não é o Clive Owen!) é, sem dúvida nenhuma, a capacidade de questionar alguns dos tentáculos visíveis deste polvo global que parece gerir o nosso dia-a-dia, influenciando o poder instalado e eliminando todos os que o contrariam.

Pura ficção ou algum fundo de verdade? A questão inicial persiste, “terá o cinema capacidade para imitar a vida real?”

Uma nota final para a humilde presença do veterano Armin Mueller-Stahl, num pequeno mas fulcral papel, que quase aos 80 anos parece ter encontrado uma nova vida na 7ª arte, graças à sua enigmática e dúbia imagem.

Não deslumbra mas cumpre plenamente!
E para um filme com uma temática tão obscura e um enredo tão real, é suficientemente coerente para merecer a nossa atenção … e a nossa visita… numa sala de cinema!

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