“Um Segredo Muito Nosso (Fireflies in the Garden)” de Dennis Lee
O filme de 2008 chega apenas agora ao nosso país, depois de ter estreado um pouco por todo o continente europeu durante o Verão/Outono de 2008.
Para mais, a sua estreia no Reino Unido só terá lugar no próximo mês … assim como nos EUA!
O realizador Dennis Lee é quase um estreante nestas andanças mas conta com o elenco invejável, onde figuram nomes como Williem Dafoe, Ryan Reynolds, Emily Watson, Carrie-Anne Moss e Julia Roberts!
O filme não dispõe de um site oficial na internet…
BEM, A PARTIR DAQUI DÁ PARA PERCEBER QUE, DEFINITIVAMENTE, ALGO NÃO ESTÁ BEM!
Por norma, um filme com tanto potencial que vê o seu lançamento ser disperso desta forma só quer dizer uma coisa… as expectativas foram totalmente (ou, no mínimo, parcialmente) defraudadas!
Infelizmente não há muito por onde fugir…
O filme acaba por fazer jus à obra que lhe serve de inspiração, o poema de Robert Frost.
Tal como é razão máxima da qualidade de um poema, o seu valor está muito mais naquilo que não diz (pelo menos implicitamente) no que naquilo que (efectivamente) diz.
Ao longo da história vamos nos deparando com vários segredos (daí o título em português) que condicionam e conduzem o comportamento das personagens. Essas histórias antigas (ou mais recentes) dão uma tonalidade misteriosa à obra, envolvendo-a numa certa aura de intangibilidade.
O único senão é que os segredos por revelar tornam-se rapidamente no grande atractivo (nunca consumado) do filme.
Como que num poema, cabe a cada um interpretar e assumir, para si, os momentos/factos marcantes que transformam cada obra um produto único e pessoal.
Numa constante viagem entre a actualidade e um passado distante (20 anos antes) assistimos e compreendemos a intensa relação de Michael (Reynolds) com o seu pai (Dafoe), marcada pelo seu autoritarismo, a forma crua como trata a sua mulher, Lisa (Roberts), e a importância da presença de Jane (Watson e Hayden Panettiere na sua versão mais jovem) irmã de Lisa, no seio desta família.
Um acontecimento trágico acabará por obrigar todos a lidar com as suas diferenças, ao mesmo tempo que alguns dos seus segredos mais íntimos são revelados…
Fora um ritmo consideravelemtne lento (logo, distante do grande público) o filme até acaba por se tornar num ensaio interessante sobre o contraste de personalidades no seio de uma família da classe-média e os imensos segredos de cada um que podem esconder uma realidade (conceito difícil de esplicar!) bastante diferente.
No entanto, fica bem patente que o filme poderia ser MUITO mais!
A premissa, os actores, o poema, tudo parecia alinhado para uma obra à parte. Ao invés o realizador (penso que deverá ser ele a arcar com as culpas) opta por um registo bem mais pessoal e subjectivo, condenando a carreira comercial do filme (mal menor) mas acabando por prejudicar, igualmente, o seu valor artístico!
Talvez se justificasse apenas um lançamento directo em DVD. Veremos o que os resultados da bilheteira nos dirão.