“A Jovem Vitória (The Young Victoria)” de Jean-Marc Vallée
A realeza britânica tem a sua cota parte de intensas e cativantes histórias.
Desde os tempos das intermináveis lutas com os seus súbditos escoceses e irlandeses (p.e. Braveheart), passando pela época dourada do seu IMPÉRIO (Elizabeth) e culminando com uma actualidade repleta de emoções e contradições (podemos mencionar The Queen), o cinema sempre se interessou por desvendar e revelar algumas dessas histórias intemporais.
Desta vez a atenção recai sobre um monarca que marcou em definitivo todo o séc. XIX, sendo responsável pelo reinado mais longo da história da coroa britânica (63 anos!), a rainha Victoria.
Como o próprio título indica, o filme concentra-se sobre os seus primeiros anos de governação, iniciando-se inclusive um pouco antes, de forma a compreendermos as movimentações ocorridas ainda antes da sua coroação.
Tendo por pano de fundo a típica intriga palaciana, o filme destaca ainda a relação amorosa (não muito comum entre casais reais) entre a rainha Victoria e o Príncipe Alberto, seu futuro marido.
No entanto, pese embora a sua longevidade, fica a ideia que o seu contributo maior terá sido mesmo o de libertar do poder real, uma democracia já de si bem instalada e poderosa.
Já no 2º quarto do séc. XIX encontramos uma adolescente Victoria (Emily Blunt), sobrinha e única descendente o actual rei da Inglaterra, William IV (Jim Broadbent), super protegida pela sua mãe viúva e por um sinistro administrador dos seus interesses (o cada vez mais imaculável Mark Strong).
Alvo de inúmeras pressões, Victoria chega finalmente ao trono com apenas 18 anos, sendo imediatamente condicionada pelo charmoso Visconde Melbourne, actual Primeiro-Ministro (Paul Bettany).
No entanto, apenas o casamento com o Príncipe Alberto (Rupert Friend), seu antigo pretendente, lhe irá devolver a autonomia, a força e o apoio para construir o seu legado.
Para além da qualidade dos desempenhos de Mark Strong e mesmo de Paul Bettany, o real destaque vai para a emergência de Rupert Friend (que ainda este ano promete brilhar ao lado de Michelle Pfeiffer em Cheri) e para a aposta em Emily Blunt como protagonista, depois de ter dado nas vistas na TV inglesa e, sobretudo, como secundária no estonteante The Devil Wears Prada.
E o filme vale por eles.
Muito embora a sua vida (dedica ao trono) seja de facto alvo notável, fica a sensação de que no final não haveria muito para contar.
Talvez nem todas as grandes personalidades da história, tenham vivido existências especialmente “apetitosas” para serem reveladas no cinema…