“Brüno” de Larry Charles
2006 foi o ano de afirmação para Sasha Baron Cohen.
Borat catapultou o comediante inglês para as luzes da ribalta e criou uma espécie de 2ª via (assente no mockmentary, na provocação descarada e nos mais primários preconceitos) para a comédia norte-americana.
(Infelizmente) 2009 é o ano em que Brüno nos faz sentir saudades de Borat!?!?!
Percebemos que o talento e coragem do apresentador do Ali G Show permanecem intactos (assim como a sua descaradez), porém o filme fica muito aquém do seu antecessor e, sobretudo, muito aquém das expectativas criadas em seu redor!
O ar refrescante, inovador, irreverente e incisivo que acompanha a anterior experiência desvanece-se quase por completo, deixando no ar muitas incógnitas sobre o que de facto é encenado e aquilo que é “real”.
E, tal como venho afirmando por aqui, independentemente do estilo, género ou objectivo, o importante é ter uma história, um argumento que nos oriente durante 1h30. Borat perseguia Pamela Anderson (certo?), Brüno foge… dele próprio… algo confuso, não?
Mantendo o modelo que o tornou famoso, Cohen explora agora as aventuras e desventuras do “seu” crítico de moda austríaco (homossexual assumido), por entre as passadeiras, a sua vida privada e os mais elementares preconceitos da raça humana!
Sexualidade, racismo, fé, snobismo, luxúria, são alguns dos estereótipos expostos, com recurso à improvisação de um grande actor, à inocência dos seus interlocutores e ao poder de confrontação de um argumento descarado, indescritível e corrosivo.
Não faltarão as gargalhadas, os sinais de admiração nem a total estupefacção perante a “história” que se desenrola em frente dos nossos olhos porém, não raras vezes, ficamos com a sensação que o limite ficava bem lá atrás e que (acima de tudo) a naturalidade de muitos sketches parece de todo ausente (dominatrix, por exemplo).
Sasha Baron Cohen, e por que não Larry Charles, usufruíam de todo e qualquer beneficio da dúvida depois de surpreender e arrasar com Borat. No entanto, a repetição de uma fórmula nem sempre é garantia de sucesso e se a expectativa era enorme, a desilusão não lhe parece ficar atrás. Veja-se o caso das receitas de bilheteira nos EUA que depois de um dia de estreia fantástico, têm-se vindo a afundar vertiginosamente!
A meu ver “resta” a Sasha Baron Cohen transformar-se num “actor a sério”, deixando de lado as suas loucas personagens e concentrando-se numa carreira (como actor e argumentista) que tem todas as condições de se tornar numa referência da 7ª arte (se calhar é exagerado… mas fica sempre bem, pois não?)
Se achavam Borat um sujeito intragável é melhor nem se arriscarem com Brüno, caso contrário deixo ao critério de cada um.
Mas desta vez não será, certamente, com a minha recomendação!