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“A Verdade e Só a Verdade (Nothing But the Truth)” de Rod Lurie


A crise económica e mais propriamente a falência da sua distribuidora, a Yari Film Group, condenaram este potencial candidato aos Oscars do último ano (pelo menos foi dessa forma que ouvi falar dele pela 1ª vez) ao esquecimento…

Alguns meses depois, operando sobre a lei de protecção de falências, a distribuidora tem vindo a lançar alguns dos seus últimos filmes um pouco por todo o mundo. Curiosamente, ao contrário do que seria expectável no nosso país (dado o historial recente… e não só!), o filme estreia mesmo nos cinemas.
Não sei se terá sido pela presença de Kate Beckinsale e Matt Dillon, se pelo argumento politicamente delicado ou se pelas suas parecenças (ainda que ligeiras) com um caso verídico do jornalismo norte-americano, a verdade é que, com todo o mérito, o filme entrou de rompante pelas salas de cinema portuguesas aproveitando uma semana de menor concorrência (ainda que em pleno mês de Agosto!).

Depois de State of Play, o jornalismo de investigação volta a encontrar-se com a política e, neste caso, com os serviços secretos norte-americanos, para um filme pleno de emoção, debate e repulsa. Mais do que a própria história do filme, trazido a lume pelo argumento e realização do sempre controverso (e Democrata) Rod Lurie, este vale pela intensa questão levantada em torno do confronto entre os direitos dos jornalistas e os seus deveres como cidadãos.

Até que ponto poderão eles “proteger” as suas fontes? Perante uma eminente ameaça estarão na obrigação de as revelar? Não constituirá essa opção a verdadeira essência da liberdade da imprensa? O que nos separa dos Estados autoritários se esse princípio for quebrado?

Quando Rachel Armstrong (Beckinsale), uma jornalista de investigação, se depara com um furo jornalístico da dimensão de um segredo de Estado, todos os seus instintos impelem-na a revelar a história. Perante o apoio da sua chefe (Angela Bassett) e do advogado do jornal (Noah Wyle), a notícia é publicada, porém, isto poderá muito bem ser o início de um imenso pesadelo!
Ao revelar a identidade de uma agente da CIA (Vera Farmiga) e ao expor as conclusões desta num relatório ignorado pelo próprio Presidente dos EUA, Rachel passa a estar sob a alçada de um implacável advogado do Ministério Público (Dillon) que tentará tudo até que a fonte seja revelada.
Até onde está Rachel disposta a ir para defender o “seu” princípio?

Para além do marcante desempenho da actriz de Pearl Harbor (talvez a grande injustiçada com o percurso comercial do filme!), fica na retina a intensa discussão em torno dos limites do jornalismo e dos seus direitos como profissionais independentes e confiáveis.

Talvez esteja um pouco desajustado da época cinematográfica em que nos encontramos mas, que isso não o impeça de alcançar os seus objectivos, nomeadamente, fazer-nos pensar e reflectir.

Esta semana (juntamente com Two Lovers) teremos muito com que nos debruçar do ponto de vista espiritual e moral …

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