“Maldito United (Damned United)” de Tom Hooper
Depois de tanta tenção e… brutalidade com District 9, nada como um filme mais calmo e simpático para aliviar o stress.
Michael Sheen, Peter Morgan e … só faltou mesmo Stephen Frears (que curiosamente abandonou o projecto apenas pouco antes de se iniciar as filmagens), para se voltar a reunir a equipa de The Queen.
E se a Rainha Isabel II era (é) uma personalidade deverás interessante, o que dizer de Brian Clough, “the best manager that the English national side never had” – assim termina o filme!
Controverso q.b. mas igualmente bem sucedido e amado/odiado pelos seus, Brian Clough marcou uma era no futebol inglês tentando desmistificar muitos dos dogmas criados em torno da sua elite. Sempre de nariz empinado, língua afiada e de plenas convicções, o natural de Middlesbrough, deixou uma inigualável impressão em todos os amantes e agentes do desporto rei.
Curiosamente o filme assume como tema central os seus 44 dias(!!) à frente da equipa inglesa mais poderosa da altura, o Leeds United, durante a época de 1974-75.
Após a saída de Don Revie (Colm Meaney) para seleccionador inglês, a Direcção do Leeds optou (contra muitas opiniões e sugestões) por contratar Brian Clough (Sheen). Porém, a história entre Clough e o Leeds United era já bem antiga. Assim, enquanto vamos “apreciando” o deteriorar da relação entre Clough e os seus novos empregadores, é-nos apresentado em flash-backs todo o historial que motivou a sua estranha relação com aquele clube de futebol e, igualmente, com Peter Taylor (Timothy Spall), o seu eterno adjunto.
Obviamente que o filme dirá mais aos apreciadores de futebol e do desporto em geral, no entanto, será injusto reduzi-lo a tal.
Ainda que centrado nestes meandros, o argumento de Peter Morgan explora acima de tudo, a sagacidade e fervorosidade do ser humano quando motivado e confiante das suas plenas capacidades. Todavia todas as histórias de sucesso “gozam”, a certa altura, do respectivo reverso da medalha e Tom Hooper não se incumbe de explorar os efeitos negativos da exclusão e da sobrelevação de um indivíduo contra… tudo e todos!
Apetece dizer que ante de Mourinho os ingleses tiveram que lidar com Brian Clough e não se pode dizer que eles já não estivessem preparados para o “nosso” Zé.
Apesar da controversa em redor da exactidão de alguns dos factos relatados no filme, este vale sobretudo pelo depictar da memorável figura de Brian Clough e, coincidência ou talvez não, pelo tremendo trabalho de Michael Sheen (cimentando-se como um dos grandes actores ingleses da sua geração).