“Man on Wire” de James Marsh
Agosto de 1974.
Em Portugal, vivia-se os primeiros meses da Liberdade. Em New York, um maluco (não encontro outro nome para o descrever) passeava-se entre as Torres Gémeas, equilibrando-se em cima de um cabo de aço que unia o topo de ambos os edifícios.
Finais de Fevereiro de 2009.
Em Hollywood, Man on Wire confirma todas as previsões e recebe o Oscar para Melhor Documentário (longa-metragem). Em Portugal é lançado apenas com uma cópia, cuja exibição é restringida a uma sala lisboeta!
Foram precisos alguns meses para resolver esta tremenda injustiça mas, finalmente, tive oportunidade de assistir (no conforto do lar) ao premiado documentário. Mesmo sem o impacto da tela, o filme é de tirar a respiração a todos os mortais.
Só de contemplar os factos e ouvir os relatos dos intervenientes já nos arrepiamos todos que fará ao imaginar/recriar toda a situação!
Apesar da tenra idade à altura, 25 anos, Philippe Petit (o maluco!) já tinha iniciado as suas proezas alguns anos antes ao desafiar as autoridades de Paris e Sydney com os seus “passeios” pela Notre Dame e pela Harbour Bridge, respectivamente.
Mas o seu sonho de vida era mesmo percorrer os 70 metros que separavam o topo das Twin Towers do World Trade Center em New York.
Durante vários anos Philippe e os seus parceiros (mais antigos e de ocasião) prepararam o impensável “assalto” às torres, estudando minuciosamente a melhor forma de alcançarem, juntamente com o seu equipamento, o topo de ambos os edifícios.
Após alguns adiamentos (por não estarem reunidas as condições ideais) o plano é posto em marcha no dia 4 de Agosto de 1974, porém, nem sempre tudo corre da melhor forma…
Recorrendo a muitas imagens de arquivo, algumas recriações de acontecimentos e a extensas entrevistas com todos os participantes, James Marsh constrói um documentário que não fica nada a dever aos grandes heist movies (numa tradução livre: filmes de assaltos) que encantam espectadores há várias gerações.
Mantendo níveis de tensão elevadíssimos, acompanhamos todos os detalhes que envolveram o planeamento e a execução deste famoso crime artístico, ao mesmo tempo que ficamos a conhecer um pouco das motivações e da personalidade do seu protagonista.
Penso que terá sido Michale Moore quem despertou em mim o interesse pelos documentários, não só pelas suas temáticas sensacionalistas e oportunas mas sobretudo pela forma “real” utilizada para contar histórias.
Man on Wire será a sua transposição para um cinema de entretenimento, onde nos sentimos praticamente parte da História e onde assistimos, neste caso, a um acontecimento inigualável.
Fortemente recomendável!
Um dos melhores FILMES de 2008!
Detalhes…