“O Dia da Saia (La Journée de la jupe)” de Jean-Paul Lilienfeld
De regresso ao Cinema Francês!
…e logo com um projecto sui generis!
Perante a dificuldade em encontrar financiamento para a sua obra, Jean-Paul Lilienfeld viu-se “obrigado” a recorrer ao canal televisivo franco-alemão ARTE.
Esse expediente fez com que o filme estreasse primeiro na TV do que nas salas de cinema francesas (5 dias antes, mais precisamente). Porém, ao contrário do que se possa pensar, essa exposição perante as massas acabou por criar em seu redor um buzz altamente positivo que jogou em seu favor, contribuindo, inclusive, para o aumento do número de salas onde o filme foi exibido!
Chega agora ao nosso país com uma promoção praticamente inexistente e vários estereótipos (aliados ao cinema francês) por contornar.
O seu grande trunfo serão as semelhanças (na temática mas não na forma nem no conteúdo) com Entre les Murs, filme sensação no último ano (vencedor da Palme d’Or em Cannes) e que ajudou a desmistificar um pouco o “novo” cinema do Hexágono – tornando-o mais cativante, interessante, actual e global!
Pegando na obra de Laurent Cantet podemos dizer que La Journée de la Jupe relata um plausível, porém evitável, fado daquela “mesma” turma 2/3 anos depois.
A tenção racial, religiosa e social mantém-se (ou acentua-se ainda mais!), acrescentando-se a violência, a intolerância, o cinismo, o descobrir da sexualidade e o total desrespeito pelas elementares hierarquias de uma sociedade – personificada no papel da própria professora!
Mas se o filme é sobre o actual estado da juventude e da sua educação (no seu sentido mais lato) numa França fragmentada pela convergência das mais díspares etnias e/ou ideologias, o principal destaque terá que ir inteiramente para a professora! O desempenho de Isabelle Adjani, pleno de raiva, prostração e revolta ilustra (acredito eu) muito do sentimento e desgosto da grande maioria da classe docente – especialmente se perante uma situação similar.
Estamos num vulgar liceu francês/parisiense onde o melting pot fervilha. Porém, não só a relação entre alunos é difícil, também o respeito por professores e colegas é precário.
Quando Sonia Bergerac (Adjani) atinge acidentalmente um aluno seu com uma arma que havia encontrado na mochila deste, o pânico instala-se na sala de aula.
Enquanto as autoridades tenta perceber o que se passa no interior da escola, Sonia aproveita a “atenção” dos seus alunos para lhes dar uma lição de moral, comportamento e respeito.
Numa verdadeira montanha-russa de emoções, a tenção aumenta progressivamente até um desfecho extasiante…
Um filme que obriga á reflexão e à introspecção, perante o perigoso rumo que a sociedade, e em especial a educação dos mais jovens, está a enveredar!
Esqueçam os estereótipos!
É mesmo cinema do bom!
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