“O Solista (The Solist)” de Joe Wright

Por vezes (bem mais do que as que gostaríamos) ao comentar uma comédia dizemos (com total precisão, deva-se acrescentar) que as melhores piadas estavam no trailer e que o filme para lá desse compacto de 1m30 não tem muito que se aproveite.
Não me recordo de ter feito tal afirmação a respeito de um filme dramático… até hoje!

Substituindo o humor pela emoção, podemos dizer que o trailer deste The Solist é bem mais sentido e comovente do que o próprio filme! A peculiar história de vida de Nathaniel Anthony Ayers, Jr. e, mais em pormenor, o seu encontro com o jornalista Steve Lopez, perde muito do seu fervor e impacto quando alongado para além daqueles 90 segundos.
Conhecemos e aprendemos com situações inesperadas e rumos diferentes (daquele que tínhamos previsto) mas, no essencial, fica no ar a sensação de que Joe Wright podia e devia ter feito bem melhor!

Dividido entre duas grandes estrelas de Hollywood, Jamie Foxx e Robert Downey Jr., o realizador inglês parece de certa forma indeciso e hesitante em qual dos dois depositar a sua câmara. Se Nathaniel (Foxx) é todo emoção e superação, a verdade é que é Lopez (Downey Jr.) quem, conscientemente, altera a vida de ambos.
Algures no meio, razão e coração irão encontrar-se e nesses breves momentos de lucidez (e não me refiro necessariamente a Nathaniel) o filme atinge o seu auge.
Infelizmente a sensação não dura tempo suficiente!

Baseado numa história verídica apresentada ao grande público através da coluna semanal do jornalista Steve Lopez no LA Times e, mais tarde, retratada no livro do mesmo autor, The Soloist: A Lost Dream, an Unlikely Friendship, and the Redemptive Power of Music, o filme “opta” por ser fiel a uma realidade bem mais dura e crua, ao invés de apostar no lado mais romanceado ou espiritual dos acontecimentos.

Ficamos a perceber in loco os detalhes da vida esquizofrénica do prodigioso mas inconstante violoncelista e sem-abrigo Nathaniel Ayers, assim como os contornos mais egoístas e solitários da vida adulta e amorosa do persistente e simpático jornalista Steve Lopez. No entanto, ficamos sem saber o que os une, o que os atrai, o que os motiva a serem mais depois de enraizada a sua amizade.

Faltou uma explosão, um click, um momento de transcendência para tornar o filme numa obra maior. Sem isso, ficamo-nos por um competentíssimo melodrama verídico e por uma História de superação invejável.

O Cinema merecia outro resultado (ver Antevisão)!

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Trailer 2