“Os Informadores (The Informers)” de Gregor Jordan
Bret Easton Ellis é considerado um dos mais perturbados e perturbadores novelistas norte-americanos da actualidade.
Apesar de ter atingir o sucesso muito cedo (21 anos) graças à publicação de Less than Zero, corria o ano de 1985, e a consecutiva adaptação ao mesmo ao cinema, Bret iria alcançar a fama internacional apenas em inícios do novo século, graças à adaptação ao cinema de American Pshyco, filme que lançou a carreira (adulta) de Christiane Bale e tornou o escritor californiano numa referência global (no que diz respeito à literatura mais madura).
The Informers é a adaptação de uma série de curtas histórias publicadas em meados da década de 90, abordando diferentes temas recorrentes na escrita de Easton Ellis, a (homo)sexualidade, a promiscuidade, o crime, o consumo de drogas, os efeitos perversos na riqueza, a vida em LA, as relações familiares, a imoralidade e o sucesso precoce…
… muitos deles, de certa forma, auto-biográficos!
Convém, desde já, alertar-vos que o filme, ao adaptar a extensa colectânea de Easton Ellis, não optou por construir uma narrativa coerente e linear, preferindo sim, por uma visão mais global e episódica de uma sociedade californiana em plena convulsão, algures nos anos 80.
Através dos olhos e sentimentos de uma amálgama de personagens, somos confrontados com alguns dos principais estereótipos daquela era (e daquele local), sentindo-nos praticamente uns voyeurs em terra desconhecida.
Contando com um elenco invejável composto por Billy Bob Thornton, Winona Ryder, Kim Basinger, Mickey Rourke e Rhys Ifans e, ainda, pelos mais jovens Brad Renfro (entretanto falecido), Amber Heard e Jon Foster, o realizador australiano Gregor Jordan assume a dispersão da acção e de interesses, focando a objectiva sobretudo na exposição e na homenagem/crítica a uma sociedade irresponsável e depressiva mas ao mesmo tempo livre, predisposta e tolerante.
A sua temática, demasiado adulta e obscura e até “imprópria” para os mais jovens, contribuiu para que o filme seja visto exclusivamente como uma obra marginal, acessível e apreciada unicamente por uma minoria.
Claro que, por si só, isto não faz dela uma obra maior! Pese embora a sua extrema utilidade como objecto antropológico, o cinema actual obriga a muito mais.
Não basta ter umas caras bonitas (e conhecidas), um corpo (leia-se argumento!) jeitoso e muita irreverência à mistura, para merecer elogios. É preciso, também, ter garra, paixão e superação para se atingir outro patamar!
E nota-se a sua ausência!