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“A Estrada (The Road)” de John Hillcoat


As comparações com No Country for Old Men serão inevitáveis! Aliás foi este denominador em comum (o facto de serem ambos adaptações de obras de Cormac McCarthy) que serviu de base a toda a promoção do filme…

E, por muito que nos custe, o filme fica muito aquém do seu “antecessor”. É claro que facilmente percebemos que a adaptação deste The Road à 7ª arte confere aos seus responsáveis obstáculos incomparáveis com aqueles com que se depararam os irmãos Coen. No entanto, em última análise, estamos cá para comentar/comparar os filmes e não podemos esconder a distância que os separa!

Se No Country for Old Men era a luz, The Road é a exacta noite que termina o dia. Mas uma noite obscura, cinzenta, nebulosa, negra! De um negro resplandecente e doentio mas um negro de quem foi muito além do comum dos mortais e escreveu uma verdadeira obra-prima (ver Antevisão).
Infelizmente, o cenário, as personagens, as histórias paralelas e o enredo central não são, necessariamente, elementos muito cinematográficos, e isso é indisfarçável na grande tela!

A história acaba por se arrastar um pouco e os momentos de maior tensão acabam por se transformar num dilema existencial para o realizador. Se faz jus à obra literária e aposta numa exposição mais explícita corre o risco de apresentar um verdadeiro circo de horrores. Se opta por um eufemismo dos factos acaba por passar ao lado do verdadeiro espírito da obra. É verdade que, em cinema, por vezes uma insinuação vale mais que muitas imagens, porém, sem elas corremos o risco de vaguear quase que sem rumo…

É precisamente sem rumo (ou quase!) que encontramos os 2 protagonistas. Após um indescritível cataclismo Pai e Filho (Viggo Mortensen e Kodi Smit-McPhee) vagueiam através do interior dos EUA, procurando meios de subsistência ao mesmo tempo que fogem dos diferentes gangs que controlam os escassos “recursos” ainda existentes.
É neste Mundo sem regras nem pudor que um pai tenta incutir no seu filho alguns dos valores morais que norteiam a vida de um Homem e que sustentam a civilização tal como a conhecemos…

Bem mas o filme está longe de ser uma qualquer obra-moral da história da Disney! Para além da dualidade das personagens (veja por exemplo o caso da Mãe), estamos a falar de situações bem para lá dos habituais dilemas infanto-juvenis. Aqui os reflexões morais situam-se a um nível bem diferente e que em última instância irão condicionar o futuro (viver ou morrer) de cada personagem!

Em suma, um filme destinado àquela minoria que procura no filme não só a arte do entretenimento mas também a capacidade de questionar, discutir e julgar, o próprio comportamento do ser humano.

No que diz respeito aos prémios, destaque inequívoco para o desempenho de Viggo Mortensen, um actor de elite mas cuja tendência, no entanto, é apostar quase que em exclusivo num cinema mais maduro e, indiscutivelmente, para o trabalho de fotografia de Javier Aguirresarobe, talvez o principal responsável pela impactante recriação deste Mundo perdido!

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