“O Laço Branco (Das Weiße Band)” de Michael Haneke
Por onde começar?
Golden Globe para Melhor Filme Estrangeiro. Vencedor nos European Film Awards dos prémios de Melhor Filme, Realizador e Argumento. Palme d’Or no Festival de Cannes. Principal candidato ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro!
Parece haver uma unanimidade em torno da grandeza da mais recente obra do realizador alemão Michael Haneke!
Bem… pelo menos no que diz respeito aos críticos, festivais e restantes premiações estamos conversados.
Pessoalmente não posso concordar com tanta bajulação!
Sem dúvida que estamos perante uma obra diferente, distinta e rude que origina as mais consubstanciadas e acaloradas discussões. No entanto, em abono da verdade, esse debate introspectivo resulta precisamente da sua principal fraqueza, i.e., um argumento eloquente porém, impreciso, inconclusivo, inacabado!
Não terei a audácia em afirmar que até é fácil construir tal trama se no final não se tem a “obrigação” de a revelar. O principio e o meio do filme são de uma profundidade e de uma expressividade bem acima da média, porém, sem um desenlace (credível e adequado) que faça justiça a tamanha complexidade, temos igualmente a liberdade de concluir que tudo não passou de um sonho (de um devaneio) de um realizador demasiado desligado do mundo actual e da contínua evolução da 7ª arte!
Durante praticamente 2h30 acompanhamos os eventos ocorridos num pequeno microcosmo no interior do grandioso Império Alemão, em vésperas da I Guerra Mundial.
Nesta pequena vila encontramos personalidades tão características de uma tal sociedade como o jovem professor (Christian Friedel), o barão e fazendeiro de sucesso (Ulrich Tukur), o (i)moral pastor (Burghart Klaußner), o trabalhador do campo (Branko Samarovski) e a sua família, o médico (Rainer Bock) e um singelo grupo de crianças (em representação do futuro da Alemanha) restringidas entre o (falso) moralismo, a inocência própria da idade e a sua malvadez!
Uma série de injustificados incidentes irá levantar a desconfiança no centro de uma sociedade demasiado encerrada em si mesma. No entanto, a sua CULTURA não permitirá que essas ocorrências acarretem a mínima sanção, ainda para mais, perante a iminência de acontecimentos bem mais gravosos que abalarão a mais estável das sociedades!
Que Michael Haneke é um mestre, sobre isso parece não haver a mínima discussão.
A questão coloca-se a um outro nível, estará o cinema e a sua audiência preparada/disposta a apreciar a sua arte?
Talvez daqui a uns anos uma diferente maturidade me permita avaliar de outro modo esta sua obra. Para já resta-me dizer que, infelizmente, a forma (especialmente no que diz respeito ao uso do preto e branco e das pequenas subtilezas próprias de uma outra época) supera em muito o conteúdo!
Cada um tem direito à sua opinião…
… a minha é que sem fim, os entretantos perdem toda a utilidade!
Tenho dito.