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“O Sítio das Coisas Selvagens (Where the Wild Things Are)” de Spike Jonze


“Conheço” Spike Jonze desde o indescritível e inqualificável Being John Malkovich.
Desde ali, no seu filme de estreia, deu para perceber que era um “gajo” à parte!
Seguiu-se Adaptation e a 2ª proveitosa colaboração com o tresloucado argumentista Charlie Kaufman. Estava confirmado o talento de ambos!

Ao terceiro filme Jonze deixou, por momentos, Kaufman e aventurou-se num dos mais amados livros infantis norte-americanos de todos os tempos, Where the Wild Things Are.
Mas… talvez seja preciso mesmo ser americano para perceber onde quis chegar!

Desconheço a origem e o impacto geracional da obra de Maurice Sendak, o que de certa forma limita o alcance da análise, ainda assim, não me posso coibir de deixar a minha opinião!

Max é um pestinha com uma complexidade moral, educacional e espiritual extraordinária. No entanto, alheado do mundo real, a personagem esgota-se por completo, transformando-se numa caricatura esforçada de um qualquer miúdo de 9/10 anos. E quando chega ao “Sítio das Coisas Selvagens”, o filme, perde-se por completo.

Como é que me poderei fazer entender sem revelar em demasia?

O “Sítio” é um local fantasioso, psicológico, utópico onde muitas coisas estranhas se revelam mas nada acontece! Entre construir e destruir, unir e afastar, alegrar e deprimir, ficamos com a sensação que é tudo demasiado improvável, mesmo perante este ambiente surreal.
Lá, rodeado de “Coisas Selvagens”, Max sente-se no seu mundo. Nós sentimo-nos perdidos!
Talvez falte-me a inocência ou a astúcia necessária para o compreender mas, mesmo alguns dias depois de ter assistido ao filme (e com tempo para reflectir e ler sobre o assunto), continua a parecer-me tudo demasiado bizarro… e inconsequente.

Sim, porque até mesmo Being John Malkovich tinha um propósito!

Após uma tremenda birra em consequência de uma discussão com a sua mãe (Catherine Keener), Max (Max Records) refugia-se num bosque perto de casa.
Lá encontrará o caminho para um Mundo diferente, habitado por seres peculiares que vêm nele a resposta para os seus principais medos e problemas.
Mas mesmo neste (seu) mundo Max revela a sua inconstância e a irreverência típica da sua idade, acabando por conduzir todos para … lado nenhum!

Desculpem-me os seus indefectíveis defensores mas não consigo compreender (de forma alguma!) de onde vem tamanha onda de adoração perante a mais recente obra de Spike Jonze. Longe do “Sítio”, o filme promete bastante e cria as mais elevadas expectativas, porém, esse retrato psicológico sobre uma infância como todas as outras cinge-se meramente a este mundo muito próprio de Max e, infelizmente, (demasiado) desconexado da maioria das realidades!

Em suma, um filme idolatrado um pouco por todo o mundo mas não por aqui… no Doces ou Salgadas ?
Ponto final!

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  1. Clau diz:

    Provavelmente, e como bem expressaste, faltar-te-á alguma maturidade que te permita desvendar a mensagem associada ao filme. Até lá, experimenta recordar-te da forma como gerias as tuas mágoas e frustrações e as transformavas através do poder da fantasia e da imaginação, quando te encontravas na mesma tenra idade que o Max…Bem-haja!

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