“Precious: Based on the Novel “Push” by Sapphire” de Lee Daniels
Filme sensação do Sundance Festival de 2009, chega finalmente ao nosso país um dos mais consagrados filmes independentes do ano e um dos 10 candidatos ao Oscar de Melhor Filme!
Preconceitos à parte, é com prazer que o apresento como o filme da nova América liderada por um Presidente de raça negra. Protagonizado em exclusivo por actores (mais ou menos conhecidos) negros, produzido (entre outros) pela inestimável Oprah Winfrey e realizado por Lee Daniels (o 2º realizador de raça negra a ser nomeado para o respectivo Oscar e o 1º que vê o seu filme ser nomeado ao Oscar principal!), Precious é antes de tudo a afirmação de uma parte da América, até há bem pouco tempo segregada e condicionada na sua ascensão social!
Curiosamente o filme é precisamente sobre aquela franja da sociedade afro-americana que vive num mundo à parte daquilo que é do conhecimento geral.
Ainda que situado em plena década de 80, o filme retrata a (ainda curta) existência de uma jovem afro-americana, Precious (Gabourey Sidibe), abatida por uma vida de infortúnios e injustiças mas que permanece com uma vontade incrível de superar todos os contratempos e, em especial, a sua problemática (e sádica) mãe (Mo’Nique).
De origens bem humildes e sem qualquer apoio ou acesso a informação que a ajude a perceber que a vida tem também o seu lado bom, Precious vive o estereótipo de uma qualquer família do Harlem, alheada da realidade que a rodeia e refém dos preconceitos que a moldam.
Para além das duas protagonistas (ambas com total justeza nomeadas para os Oscars), o filme conta ainda com Paula Patton e os famosos Mariah Carey e Lenny Kravitz, no papel de autênticos anjos na terra, dedicados a mostrar à jovem menina que o Amor não precisa de ser egoísta, doentio, opressivo… violento!
E falando em desempenhos que dizer do trabalho de Mo’Nique (o Oscar será mais que merecido!)? Um verdadeiro furacão que, sem complexos nem rodeios, encarna em pleno o lado mais agressivo e inconsequente da ignorância! Sem formação ou qualquer espécie de educação, Mary vive da emoção, da reacção, do instinto, não olhando a meios (nem tão pouco aos que a rodeiam) para viver a sua vida.
Intenso, tocante, e, por vezes, até mesmo cruel, Precious apresenta-nos um retrato honesto e deveras corajoso de uma realidade abafada durante demasiado tempo e que, 20 anos depois, parece ainda aqui tão presente.
Mas a verdade é que vivemos tempos de esperança e de redenção e Clareece ‘Precious’ Jones é mais um símbolo desse optimismo, dessa preseverança que nos faz avançar mesmo perante os mais adversos obstáculos.
Uma lição de vida!
Não me convenceu assim tanto 2*