“O Livro de Eli (The Book of Eli)” de Albert e Allen Hughes
Será uma espécie de The Road para adolescentes… viciados em acção… e religião.
Partindo de uma ideia bastante próxima – um mundo pós-apocaliptico sem recursos e povoado por indigentes – o filme dos irmãos Hughes segue, no entanto, um rumo totalmente aposto daquele apresentado na adaptação da obra de Cormac McCarthy.
Pese embora algumas semelhanças, posso desde já garantir-vos que The Book of Eli é um filme bem mais acessível e comercial, ainda que aqui e ali pintado por uma ou outra cena mais susceptível!
E o principal senão do filme será mesmo o facto de durante a maioria da sua duração não entendermos muito bem o que estamos a ver. Um slasher tipo Blade, um thriller hitchcoquiano, um suspense à la Shyamalan?
O máximo que vos posso adiantar é que mantenham olhos e espírito bem abertos porque está tudo lá. Nós é que muitas vezes estamos demasiado distraídos a olhar… para o lado errado!
Mas, também, quem não gosta de ser surpreendido, de vez em quando?!?!
Encontramos Eli (Denzel Washington) um solitário viajante com uma missão muito própria, entregar um livro muito especial a quem dele possa retirar o melhor proveito… para o bem da civilização!
No seu longo caminho irá deparar-se com o obstinado Carnegie (Gary Oldman), o líder de uma milícia minimamente organizada que espalha o terror em pleno coração dos EUA e que procura incessantemente por …
E Carnegie não olha a meios para o conseguir, mesmo que isso signifique oferecer/vender a sua enteada (Mila Kunis) em troco das suas pretensões.
Até onde poderá um Homem, com uma missão superior, desviar-se do seu propósito?
A certa altura tive medo que tudo isto não nos levasse a lado nenhum!
Obviamente que os desempenhos de Denzel e Oldman seriam mais que suficientes para sair da sala de cinema sem aquela desnecessária sensação de tempo (e dinheiro) perdido mas, por outro lado, corria o risco de ser mais um filme em que o novelo enrola, enrola e enrola sem haver forma de se descobrir o fio à meada!
Felizmente não foi esse o caso!
E pese embora não sendo nenhuma obra-prima, no seu global, o filme dos irmãos Hughes não deixa de se revelar um trabalho competente e actual… mesmo para agnósticos ou pacifistas!
Dá que pensar… não dá?