“Green Zone – Combate pela Verdade” de Paul Greengrass
Quando em 2002 Bloody Sunday estreou no Berlin International Film Festival poucos saberiam dizer, ao certo, quem seria Paul Greengrass.
O filme que retrata o massacre de civis irlandeses pelas tropas britânicas em 1972 (que serviu também de inspiração à mítica canção homónima dos U2) escancarou as portas de Hollywood, e não só, para o realizador inglês.
Ao vencedor de Berlin seguiram-se o 2º e 3º capítulos da saga Bourne, intervalados por United 93, o filme que chocou e encantou as audiências e que lhe valeu a sua 1ª nomeação aos prémios da Academia.
De pedra e cal na 7ª arte e senhor de um estilo muito real e efervescente, Greengrass volta à carga viajando, desta vez, até ao Iraque, mais propriamente Bagdad, poucos dias depois de consumada a ocupação norte-americana, em Abril de 2003.
De câmara ao ombro e com a “língua” mais afiada do que nunca, o realizador cinquentenário coloca o dedo bem dentro da ferida e levanta muitas das questões que permanecem no espírito de todos nós!
E se The Hurt Locker (o filme a que muitos o comparam) nos colocava, praticamente, na pele dos protagonistas, este Green Zone entra de rompante nos bastidores políticos e operacionais de uma guerra que, 7 anos volvidos, ainda tem muito por explicar… ou talvez não!
Deparamo-nos com Roy Miller (Matt Damon), o responsável de uma equipa especial do exército norte-americano que tem por objectivo recolher evidências no terreno das anunciadas armas de destruição maciça que suportaram a invasão do Iraque.
Porém, à medida que vão aumentando as dúvidas relativamente à autenticidade das fontes utilizadas pelos serviços secretos, uma outra “guerra” parece emergir. E Miller encontra-se precisamente no seu epicentro!
Se no início do comentário Greengrass foi o alvo de todas as atenções, seria uma injustiça tremenda não dedicar, também, algumas linhas ao protagonista do filme.
Prestes a completar 40 anos, Matt Damon tem vindo a acumular grandes desempenhos em filmes de qualidade inquestionável. A sua 3ª colaboração com o realizador inglês não foge à regra e mostra que independentemente do género, das exigências ou do estilo necessário, o “rapaz” de Boston está preparado para tudo.
Pode não vir a conquistar grandes prémios nem avultadas receitas de bilheteira mas de uma coisa podem estar certos, trata-se, sem dúvida, de um GRANDE filme que nos prende do início ao fim e que nos mostra que todos nós somos (pelo menos até certo ponto) um pouco de ingénuos. A questão que se coloca é até onde cada um de nós está disposto a compactuar com isto.
Parece sério demais para um filme de acção?
É destes que eu gosto mesmo!