“Entre Irmãos (Brothers)” de Jim Sheridan
Ao contrário do que o título ou o próprio trailer sugere, o filme não é tanto sobre a emotiva relação entre 2 irmãos (e todos aqueles que os rodeiam) mas antes, uma introspectiva viagem aos sacrifícios que um marine está disposto/treinado a superar.
Tobey Maguire (mais conhecido do grande público como Spider-Man) despe por completo a pele de super-herói para arrancar (literalmente!) um desempenho maduro e de uma carga emotiva e física surpreendentes!
O jovem actor (agora com 35 anos) desde cedo demonstrou um talento particular para a 7ª arte que contudo andou abafado durante quase uma década devido ao seu compromisso com a Marvel.
Liberto desse fardo que lhe valeu, em abono da verdade, muita fama e dinheiro, o actor californiano aproveita agora para explorar outros registos, confirmando as expectativas que sobre ele recaem desde à largos anos. Mas não é só ele que confirma as suas qualidades!
Ainda que num registo mais comedido (e menos exigente), também Natalie Portman e Jake Gyllenhaal aproveitam para confirmar créditos e para compor uma obra intensa assinada por um cineasta, Jim Sheridan, que nos tem habituado a um cinema sensível e de qualidade!
Depois da sua estreia no EUA há quase um ano e apesar da dupla nomeação aos Golden Globes, para Actor Principal e Música Original (a cargo dos U2), o filme andou praticamente esquecido dos cinemas, até aterrar no nosso país no início deste mês.
Sem grande promoção e mesmo tendo em consideração os nomes envolvidos, temo que o nível de atenção (e de receitas) fique bastante aquém do merecido por um filme que aborda temas bastante delicados e actuais. Mas trata-se de uma realidade suja, dura e agreste. Uma realidade pouco romântica, pouco bonita ainda que muito sincera e próxima.
Quando o Capitão Sam Cahill (Maguire) é dado como desaparecido em combate, o seu problemárico irmão (Gyllenhaal) é o primeiro a disponibilizar-se para auxiliar a sua cunhada (Portman) e dos seus sobrinhos a superar a sua perda e a lidar com a nova dura realidade.
Mas muito mais do que a história dos que ficam, o filme retrata os sacrifícios que Sam supera e as suas consequências.
Longe de ser um filme de massas, Brothers transporta consigo aquela aura de obra intimista e inacessível, destinada a um público exigente e rigoroso. E aí reside o seu ónus…
O campeonato onde o mais recente filme de Jim Sheridan compete é, de facto, cruel. Não são permitidas falhas nem hesitações e o suficiente fica muito aquém do nível mínimo aceitável.
E muito embora o talento dos intervenientes seja inquestionável, fica um certo sabor amargo no ar. A momentos queremos mais… e noutros permanece a sensação que ficamos a saber demais! Quase sempre a dúvida ajuda a aumentar a tenção, a adensar a trama e a prender a audiência.
Queríamos mais…
… ou menos!
“Winter” by U2