“Wall Street 2 (Wall Street: Money Never Sleeps)” de Oliver Stone
Oliver Stone será por ventura um dos mais profícuos e controversos realizadores da década de 80, graças a obras como Platoon, Wall Street e Born on the Fourth of July.
Seguiram-se 2 décadas de filmes de igual prestígio mas sem o brilhantismo (apesar de JKF, Natural Born Killers ou W.) que tornaram os anos 80, a época dourada do cinema real.
Porém, a História tem a sua própria ironia e consegue repetir-se a si mesma. Tudo o que o realizador norte-americano precisou foi de pegar nos cacos e convencer Michael Douglas a retornar a Gordon Gekko!
Cerca de 25 anos depois dos gananciosos anos 80, a História parece voltar sobre si, tal qual uma desinspirada sequela. Porém, a magnitude do impacto é sempre a subir e as consequências… inimagináveis.
A diferença é que nos anos 80 a percepção do que me rodeava era praticamente nula, agora os factos romanceados no filme são demasiado reais e conhecidos!
Há excepção da família Gekko, tudo o mais é real, verídico, imperdoável!
Após cumprir a sua pesada pena, Gordon Gekko (Douglas) sai da prisão para se depará praticamente isolado do mundo. Um livro de memórias e a actual conjuntura (em meados da primeira década do novo século), são os únicos bens de um magnata em ruínas habituado a ter tudo e todos em seu redor.
O seu ressurgimento irá chamar a atenção de um jovem corretor de Wall Street. Todavia, Jake Moore (Shia Labeouf) não é um simples entusiasta do mercado livre, é, também, o namorado da filha (Carey Mulligan) de Gordon.
Enquanto o pai tenta a reconciliação com a filha e Jake tenta perceber o que se passa em seu redor, os 3 criarão um complexo e emocional triângulo familiar que terá consequências tão devastadoras como as da própria crise.
Para além do sangue fresco trazido para a tela por parte destes 2 jovens actores (meros recém-nascidos por alturas do 1º round), Oliver Stone conta, ainda, com a preciosa e precisa colaboração de actores como Susan Sarandon, Josh Brolin, Frank Langella e do veteraníssimo Eli Wallach que ajudam a tornar o filme num contudente reflexo da actualidade recente norte-americana (e mundial!).
Para aqueles (como eu!) que acompanharam o descarrilar da actual crise financeira e que (ainda que superficialmente) compreendem o que se passou, é de facto uma demonstração de coragem e virilidade o tom que Stone transmite ao filme e aos seus protagonistas. Facto que é ainda realçado pelos pequenos apontamentos que ajudam a compor e a esclarecer onde começou toda esta confusão…
Ou como sumariza Gordon Gekko de forma sublime
“Someone reminded me I once said “Greed is good“. Now it seems it’s legal!“
Para quem o Mundo das Finanças é um bicho-de-sete-cabeças, Money Never Sleeps será aquela sequela em que a inocência é levada ao extremo e em que a redenção é questionada até ao último instante.
Mas aquele final é demasiado… não é?
Porque achaste que o final é demasiado? Demasiado happy end?
😉