“A Cidade (The Town)” de Ben Affleck
Já muitos o comparam a Clint Eastwodd mas faltarão, certamente, alguns anos e diferentes experiências até que Ben Affleck possa ostentar orgulhosamente e humildemente tal comparação.
The Town será “apenas” mais um pequeno e seguro passo nessa direcção!
O jovem actor, tornado realizador, continua a impressionar pela precisão e requinte que imprime às suas obras, confirmando que a qualidade apresentada em Gone Baby Gone, não se tratou de um mero acaso!
Se a sua estreia em realização era todo ele um filme introvertido, implosivo e dramaticamente intenso, esta 2ª experiência de Affleck atrás das câmaras é quase o oposto!
Muito embora se reconheça a mesma qualidade emocional, o filme vive sobretudo de uma tensão física e explosiva que acompanha os protagonistas e toda a acção, do 1º ao último minuto!
Intriga, valores morais, tentação e uma permanente procura da redenção são os principais trunfos de um filme recheado de um ritmo e um realismo que tornam credíveis e visualmente atraentes as diversas cenas de acção.
Para além disso, a tenção dramática chama-nos para bem perto dos protagonistas, pois se são eles quem tem de enfrentar as suas dúvidas e incertezas, somos nós quem tem dos amparar e “aconselhar”…
Após mais um bem sucedido assalto a um banco da cidade de Boston, Doug MacRay (Affleck) começa a questionar se o seu futuro não será melhor longe do bairro que o viu crescer, Charlestown, nos suburbíos da referida cidade. Curiosamente esta sua introspecção aprofunda-se devido ao relacionamento que estabelece com Claire (Rebecca Hall), nada mais nada menos, do que a gerente do banco assaltado.
Porém, nem sempre á fácil abandonar os amigos de uma vida, especialmente James Coughlin (Jeremy Renner), seu “irmão” e parceiro no crime, que questiona as suas intenções, mesmo quando o FBI parece cada vez mais próximo de os apanhar.
Para além do óbvio destaque para a realização e o desempenho de Ben Affleck (contrariando os muitos detractores das suas qualidades como actor) será justo destacar igualmente a qualidade do argumento e de todo o mise-en-scène e, paradoxalmente, o talento de Hall (evidenciado já em Vicky Cristina Barcelona) e de Renner, desempenhando com mestria o papel do descontrolado intempestivo (aliás num registo muito próximo do que lhe valeu rasgados elogios em The Hurt Locker!).
Temos drama, temos romance, temos acção, temos intriga e temos brilho, i.e., uma certa aura de Cinema de Qualidade!
… nada mais certo!
Junto a Inception, Shutter Island e The Ghost Writer, The Town apresenta-se como dos melhores filmes do ano (até à data!).
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