“Ondine” de Neil Jordan
Desta vez fiz batota!
…apenas depois de ter visto o filme, tive coragem para o apresentar como o Destaque da Semana.
Para além do respectivo trailer pouco informação possuía relativamente ao filme. Os nomes de Neil Jordan e, sobretudo, de Colin Farrell eram os únicos chamarizes para uma obra, desde logo, difícil de classificar e de explicar.
Fábula dos tempos modernos (tal como é apresentado), este singelo filme independente destaca-se pela forma, quase poética, como mantém em suspenso até ao último momento a dúvida sobre o que, de facto, estamos a presenciar.
Fale-se de sereias, de selkies (ver link), de histórias de encantar mas, igualmente, de problemas sociais, de crises existenciais e de desejos por cumprir. Fala-se de redenção, de fé e até de vícios.
Quando Syracuse (Farrell) “pesca” (literalmente!) uma jovem e enigmática mulher (Alicja Bachleda), o seu mundo parece começar a inverter. Alcoólico, divorciado e pai ausente, a sua sorte nunca viu melhores dias porém, há algo de estranho e… perigoso nesta nova situação.
Poderá a fantasia sobrepor-se à… lógica?
Impecável a forma como Neil Jordan pega numa história simples e a transforma num filme penetrante, intenso e inteligente. Quanto à dupla de protagonistas, a intensidade da sua relação no filme foi suficiente para ser transposta para a vida real, num romance que fez as alegrias da revista cor-de-rosa – ainda que a separação de ambos seja já um facto consumado!
Fait-divers à parte trata-se inequivocamente de um singelo filme que prova (pela enésima vez) que os recursos financeiros são apenas um detalhe na produção cinematográfica.
Uma ideia (original!) será o bastante para criar uma obra meritória… mesmo que com reduzido reconhecimento no nosso país (e no resto do mundo!).
Para quem gosta de ser surpreendido de forma poética… e suja!
Ou, simplesmente, para quem aprecia SEMPRE um “bom romance”…
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