“Burlesque” de Steve Antin
E assim encerra-se mais um ano de cinema!
Foram +/- 112 filmes (nas salas de cinema)… e coube a Cher e Christina Aguilera a honra de fechar, com chave d’brilhantes, o ano de 2010… sim, porque o ouro não é para todos!
A meio caminho entre Moulin Rouge e Dreamgirls, o filme acaba por pecar ao não assumir-se como fantasia musical nem como realidade musical, respectivamente.
Infelizmente, a “acção” do filme cinge-se ao palco do mítico clube nocturno que dá nome à obra de Steve Antin, sem nunca se estender para além desse espaço claustrofóbico, ainda que intensamente sedutor!
Fora do palco, deparamo-nos com um rudimentar filme de encontros e desencontros em que o “romance teen”, parece ser a única chama viva. Sabe a pouco! O espectáculo merecia outro enquadramento…
Quanto às performances, pouco há a apontar! Christina Aguilera parece um furacão de energia e sensualidade, Cher um marco de estabilidade e sentimento e as restantes meninas (Kristen Bell, Julianne Hough, Chelsea Traille…) um chamariz para todos.
Ali (Aguilera) decide deixar para trás a sua pataca vida numa pequena cidade do Iowa e parte para LA em busca do seu sonho…
Porém, a vida nem sempre corre como sonhamos e Ali terá que se contentar, para já, por servir à mesa num dos mais sedutores clubes nocturnos de LA, gerido pela exigente e inigualável Tess (Cher).
As 2 irão desenvolver uma invulgar relação e quando Ali tem a sua oportunidade para “deitar para fora” todo o seu talento, encontrará na experiente Tess, uma tutora (uma amiga, uma “mãe”) à altura!
Juntas recuperarão o mediatismo e todo o glamour de Burlesque… mas ainda irão a tempo de evitar o seu fatídico destino?
No palco, as cantores/actrizes/bailarinas sentem-se como peixes na água, ditando ritmos, harmonia e elegância, transportando-nos por completo para o seu jogo de charme e sedução. As músicas são entoadas com elevado requinte, o mise-en-scène é, de facto, fascinante e a realização (dos momentos musicais) deixa-nos, no mínimo, de boca-aberta.
Todavia, mesmo um musical não se pode resumir ao encadeamento de números artísticos. Os elos de ligação ajudam a marcar a diferença entre uma obra de eleição e um esforçado ensaio artístico! Pelo que pode-se concluir que faltou cinema… a um filme que, como musical, funciona plenamente!
Para já conta com 3 nomeações aos Golden Globes (incluindo Melhor Filme Comédia/Musical), não será de espantar que alcance, também, os Oscars, especialmente em categorias mais artísticas!
E a Cher está de volta… pela enésima vez!
É um musical bastante bom 4*