“Cela 211 (Celda 211)” de Daniel Monzón
Filme do ano, em 2009, em Espanha, Celda 211 demorou um pouco mais do que o desejável a chegar ao nosso país!
Bem, mas se o filme demorou mais de 1 ano a atravessar a fronteira, a acção do mesmo desenrola-se num ápice!
Encontramos, desde logo, Juan Oliver (Alberto Ammann) no seu primeiro dia de trabalho como guarda prisional. Prestes a concluir a ronda de apresentações, o jovem guarda vê-se envolvido por um motim liderado pelo implacável e poderoso Malamadre (Luis Tomar), um presidiário “da pesada” com um longo cadastro.
Deixado para trás pelos seus colegas Juan terá que improvisar para sobreviver num meio que não é o seu, até que algo de surpreendente acontece…
São 24h horas que vão mudar a vida de muitas pessoas. Num ambiente sujo e confuso (ainda que coerente), o realizador Daniel Monzón tem a arte e a coragem de nos manter permanentemente em alerta, como que nos desafiando a entrar pela acção a dentro!
Somos rapidamente inibidos de tomar partidos nem de criticar as acções dos envolvidos – “quem nunca pecou que atire a 1º pedra”, será o mote – no entanto, é como se estivesse-mos lá, rodeados dessa imensa desordem e desse complexo malabarismo de intenções e convicções.
Alberto Ammann merece todos os elogios ao personificar (de corpo e alma) o protagonista do filme, porém o retrato mais marcante é mesmo o de Luís Tosar (mais que justo o Goya de Melhor Actor), como líder carismático dessa revolta.
Confinados a um espaço pequeno e a um horizonte temporal ainda mais estreito é, de facto, brilhante a forma como rapidamente nos identificamos (ainda que com o devido distanciamento) com duas personagens tão poderosas e acutilantes.
O resto de elenco resume-se (quase na totalidade) a meros figurantes que servem apenas de enquadramento a uma trama que, num crescendo de tenção e emoção, nos deixa totalmente indefesos perante o seu desenlace.
Esperar o inesperado nunca deu bom resultado mas não tenho pudor em afirmar que, independentemente da predisposição, sairão da sala totalmente rendidos a um dos melhores filmes do ano.
Quem nos dera que em Portugal se fizesse cinema assim…