“Jogo Limpo (Fair Game)” de Doug Liman
Naomi Watts e Sean Penn serão, para já, os primeiros (actores) candidatos aos Oscars deste ano!
Graças a ambos, a mais recente obra de Doug Liman (autor, entre outros, de Bourne Identity e Mr. & Mrs. Smith) é um dos grandes acontecimentos do ano.
Se os desempenhos enchem por completo a tela, a história (baseada em factos actuais e verídicos) torna as revelações do WikiLeaks numa mera brincadeira para crianças…
No pós-11 de Setembro, o mundo da espionagem internacional atravessou um período de enorme tensão com constantes discussões em torno da validade da informação (e da contra-informação) obtida.
Por entre os esforços da Administração Bush em responder ao violento ataque sofrido, existem aqueles que lutam pela máxima objectividade.
É neste contexto que conhecemos Valerie Plame (Watts), uma competente operacional da CIA e o seu marido, Joe Wilson (Penn), um antigo embaixador norte-americano com um à vontade importante em pleno médio oriente.
Com a eminente invasão do Iraque, a questão em torno da existência da Armas de Destruição Maciça ocupa (quase) a totalidade dos operacionais de terreno. Mas quando é tomada uma decisão relativamente a esta situação nem todos estarão totalmente de acordo com as conclusões alcançadas. Aí começa a verdadeira batalha…
O grande segredo de Fair Game é o de não se reduzir a um mero filme de acção ou (alternativamente) de intriga palaciana. Há uma junção de géneros e conteúdos que guia o fim durante a sua 1h45, mantendo um extremo clima de suspeição e indefinição.
E há, também, uma forte componente política (declaradamente parcial!) que serve em pleno os intuitos dos mais acérrimos críticos da anterior Presidência norte-americana.
Por muito que custe a alguns, tratam-se (na sua larga maioria) de factos julgados e comprovados que como podemos constatar serão bem mais comuns como aquilo que somos levados a (ou queremos) imaginar!
Fica o alerta, de um filme que pode muito bem ser o machado de guerra deste ano, numa indústria cinematográfica que sente a necessidade de ser o mais interventiva e reveladora possível.
E fica, sobretudo, o incómodo de alguns e a garra de outros na sua luta contra um poder que nunca se pode julgar superior à moral e à integridade de um mundo ocidental que se vangoloriza dos seus hábitos e costumes democratas!