“72 Horas (The Next Three Days)” de Paul Haggis
É com alguma pena que vemos a forma como alguns filmes são tratados no nosso país.
The Next Three Days é realizador e escrito por Paul Haggis, talvez o nome não seja dos mais sonantes mas se incluirmos algumas notas do seu currículo dará para perceber melhor de quem se trata. Haggis soma já 2 estatuetas douradas, graças a Crash (Melhor Filme e Melhor Argumento Original) e é responsável pelos argumentos de filmes como Letters From Iwo Jima e Million Dollar Baby (ambos valendo-lhe nomeações) mas, também, por Casino Royale, Quantum of Solace ou Flags of Our Fathers.
Agora que captei a vossa atenção… posso prosseguir!
Longe da grandiosidade dos argumentos escritos para Clint Eastwood (e mais perto do estilo Bond), o novo filme de Haggis resulta de uma combinação feliz de sentimento e acção.
Penso que qualquer um de nós facilmente identificar-se-á com John Brennan (Russell Crowe), ainda que poucos sequer pensaram em ir tão longe quanto ele foi.
Verdadeiro heist movie, The Next Three Days relata os últimos 3 anos na vida de um jovem casal, abalado por um crime incompreensível.
Estruturado de forma clara e intuitiva (e inteligente), o filme conduz-nos através do corajoso e irracional percurso encetado por um homem em busca da liberdade da sua mulher (Elizabeth Banks).
Evitando qualquer sentimentalismo desnecessário, o principal enfoque do filme é revelado de forma magistral por um discreto Liam Neeson, num papel “para amigo” mas que nos mergulha, por completo, na trama criada pelo argumento de Haggis.
Definitivamente é esse o grande trunfo do filme. Pese embora uma ou outra conveniência no comportamento das autoridades (chamemo-lhes assim!), o filme resulta num agradável encadeamento de situações de enorme tensão (quer psicológica, quer física), para imenso deleite da maioria (dos espectadores).
Haggis confirma todos os seus pergaminhos como argumentista, numa obra mais comercial (logo menos artística?) e, paulatinamente, vai aperfeiçoando os seus dotes como realizador.
Ainda assim, uma coisa é clara, mesmo perante o mais electrizante dos thrillers, a sua obra terá sempre um lado mais humano como pano de fundo. É essa uma das suas marcas e, inevitavelment,e uma das principais qualidades que o diferenciam do restante cinema vindo de Hollywood!
E no final, ainda nos damos a pensar, seria EU capaz de tudo isto pela pessoa amada?
Eu seria…