“Amelia” de Mira Nair
De potencial candidato aos Oscars em 2010 (pelo menos no que diz respeito ao desempenho de Hilary Swank) ao total esquecimento (e consequente lançamento em DVD)…
Assim se pode resumir o percurso cinematográfico de Amelia.
Apesar de baseado na vida real da lendária Amelia Earhart (a primeira mulher a atravessar o Atlântico a pilotar um avião), de contar com a presença de Richard Gere e da dupla oscarizada Swank e da realizadora indiana Mira Nair (Monsoon Wedding), o filme não encontrou o mínimo de consideração no nosso país.
Como já vimos as expectativas eram bastante altas e talvez a desilusão tenha sido grande o suficiente para justificar o tratamento a que teve direito… mas quando nos lembramos nos brilharetes que estreiam a cada semana no nosso país, será no mínimo irritante esta persistência em engavetar obras com algum potencial!
Mesmo sem o élan que acompanha qualquer filme quando visionado numa sala de cinema (pelo menos, para mim, este será sempre um surplus), a experiência de Amelia no conforto do lar não deixa de ser gratificante. Mais do que uma aventureira (e consequentemente um filme de aventuras), Earhart foi uma mulher interventiva que quis mudar o mundo (pelo menos o das mulheres), apelando à igualdade entre géneros quer na vida pública, quer na sua vida privada!
Curiosamente a 1ª vez que constatei quem foi Amelia Earhart, terá sido no esforçado Night at the Museum 2. Agora, depois de conhecer a “verdadeira” heroína, fica uma forte admiração por uma mulher, bem avançada no seu tempo que viveu a vida como sempre desejou: feliz, livre, ambiciosa e aventureira!
No filme ficamos a conhecer como Amelia (Swank) conheceu o seu marido, George Putnam (Gere), como se iniciou o seu périplo pela aviação e a sua contribuição para uma mudança de atitude e de consideração perante uma classe feminina que há muito lutava pela igualdade de direitos, oportunidades e… sonhos! E, finalmente, ficamos a perceber como terminou a sua temerária epopeia de circunavegação!
No final, ficamos com um filme oscilante que demora em se assumir como retrato de época, cinema de intervenção ou obra mágica da aviação mundial.
Ao tentar ser de tudo um pouco, o filme de Mira Nair perde fulgor, perde coerência, em suma, perde-se um pouco como Amelia…
… de forma subtil, singela e poética!
Ainda assim, Hilary Swank volta a mostrar todo o seu talento… certo!