“Tron” de Steven Lisberger
Em semana do grande acontecimento – a estreia no nosso país do tão aguardado Tron: Legacy – achei que seria de bom tom ver, pela 1º vez, a obra de Steven Lisberger que deu inicio a este périplo pelo mundo dos computadores…
Corria o ano de 1982 quando Jeff Bridges deu corpo ao protagonista de uma obra visionária que, apesar das suas limitações tecnológicas, se tornou, com o tempo, num filme de culto de uma geração que viveu o início da era dos computadores, em plena década de 80.
Pessoalmente, para alguém que nasceu e cresceu com os míticos Spectrum e Timex – e os simplórios Arkanoid ou Chuckie Egg– ver Tron agora é como uma viagem no tempo, para uma era onde os videojogos (e os sistemas operativos) não seriam mais do que um amontoado de bits e bytes!
Reconhecemos tiques, cenários e hábitos que se julgavam há muito extintos, detectamos a cada frame (ou bit?) um pedaço da nossa Histórica, dos nossos hábitos, da nossa geração!
Quase 30 anos depois, o primeiro reflexo será, por ventura, o de esboçar um enorme sorriso perante tamanha ingenuidade e simplismo de um cinema que na sua altura era, DE FACTO, visionário!
Porém, Tron prova também, passados 30 anos, que os seus criadores não estariam assim tão enganados. DE FACTO, a realidade evoluiu para um estado que torna o filme (de ficção-científica) numa obra perspicaz, audaz e coerente.
Ok!… sabemos agora que essa história de “entrar” literalmente dentro de um computador é algo que fará sentido apenas daqui a uns… milhares de anos, mas não é menos verdade que esse espírito rebelde e, outrora incompreendido, nos trouxe até aos dias de hoje, onde cada um de nós se comunica através de um computador e onde estes tomaram, por completo, a nossa vida (já para não falar em Second Life‘s ou Realidades Virtuais!).
Quando Kevin Flynn (Bridges) é “raptado” para o interior de um imenso computador, onde um temível Sistema Operativo o obriga a participar em terríveis duelos, a sua única saída é juntar forças com um Programa de Segurança denominado TRON, para tentar derrubar o malévolo e sádico controlador.
Num mundo bizarro, repleto de cores fluorescentes e formas geométricas, um Homem rodeado de bits e bytes terá de fazer uso dos seus conhecimentos informáticos e da sua experiência como jogador de arcade para…. sobreviver!
O mundo do cinema (de ficção-científica) é feito deste pequenos tesouros que décadas depois nos deixam perplexos com a sua capacidade para arriscar e para, de certa forma, acertar em cheio naquilo que o futuro nos reserva(rá)!
TRON estará longe de ser um exemplo maior do cinema mundial no entanto, há algo nesta obra que permanece vivo e que nunca se esmorecerá… talvez seja necessário ter vivido aqueles tempos para o apreciar convenientemente, talvez?
Agora TRON: Legacy irá irromper pelas nossas vidas e transformar o seu antecessor numa obra de museu (visual e tecnologicamente falando). Faltará apenas perceber se, daqui a 30 anos, o seu encanto ainda perdurará…