“Wall Street” de Oliver Stone
Já por aqui anda o comentário por publicar desde que Wall Street 2 estreou nas salas de cinema mas faltava sempre acrescentar algo e foi ficando na prateleira.
É hoje!
Meados dos anos 80, ainda fresco pelo Oscar conquistado por Platoon, Oliver Stone atira-se de cabeça ao mundo corrupto e ganancioso das transacções financeiras, personificado pela bolsa nova-iorquina.
Vivia-se uma época de luxos, de capitalismo selvagem e de egoísmo bruto (um pouco como os nossos dias, certo?). Rodeando-se por um actor de eleição (Douglas), um jovem em ascensão (Sheen) e alguns veteranos de renome, Stone decide pôr o dedo na ferida, colocando a nu a vergonha que 2 anos antes tinha abalado toda a estrutura económica de uma sociedade que se julgava impune e superior.
O resto é História…
Michael Douglas arrebatou o Oscar de Melhor Actor e o filme viria a tornar-se numa das grandes referências do cinema (capitalista) reaccionário, encabeçado pelo realizador norte-americano.
Já não me recordo direito quando o vi pela 1ª vez. Estou certo que quando o fiz seria demasiado novo para compreender metade do que se passava, mas desde logo algo me fascinou! Havia aquele sensação de injustiça, de “chico-espertismo” mas ao mesmo tempo de perspicácia, de coragem e de sucesso.
Crescido e educado num universo economicista porém, correcto e justo, o filme surgia-me como que uma maça pecadora, provavelmente envenenada mas de certo tentadora!
Esta imagem do outro lado da realidade ajudou a formar-me, a criar a minha própria personalidade e a minha própria ambição.
Ao longo do tempo (e com os diversos visionamentos do filme) pude melhor compreender de que se falava e das consequências dos actos de cada uma das personagens! Hoje, a formação (académica) permite-me explicar a quem necessite o sucedido e ajuda-me a perceber melhor o que acontece diariamente à frente dos nossos olhos.
Em suma, não mudámos muito (como sociedade), nos últimos 20 anos! A ganância será sempre algo intrínseco ao ser-humano. O que distingue uns dos outros, é a capacidade para distinguir os efeitos (nefastos) dessa mentalidade, quando levada ao extremo.
Como em tudo na vida, há uma altura em que o nosso bem-estar, a nossa liberdade, a nossa ambição interfere com a dos que nos rodeiam e nesse momento caberá a cada um definir o género de pessoa que quererá ser…
Se este foi o efeito de Wall Street perante uma criança pré-adolescente, posso apenas imaginar o seu impacto na sociedade em geral!
Um marco do cinema! Que perdurará por muitos e muitos anos…