“Casino Jack” de George Hickenlooper
A Democracia está longe de ser um sistema perfeito. Claro que depois de vermos este Casino Jack… não resta a menor dúvida!
É sabido e rebatido que a democracia norte-americana se baseia no financiamento que os (partidos) políticos obtêm de empresas e particulares para suportarem os custos das campanhas eleitorais… em troca de favores (legislativos!).
Como intermediário existe uma verdadeira classe socio-profissional, os lobbistas, que conduzem a agenda política… em função da disponibilidade financeiro dos cidadãos (e seu clientes). Curto e grosso… mas, na sua maioria, aceite pela generalidade!
Bem, mas como em tudo há quem goste de abusar… e Jack Abramoff é mesmo um fora-de-série!
Baseado em factos verídicos (e bastante recentes), Casino Jack acompanha a descida até aos infernos de um dos mais influentes lobbitas da era Bush Jr.. Um homem que se movimentava como ninguém nos corredores da Casa Branca e do Capitólio mas que não teria, necessariamente, todos os parafusos no sítio certo!
Num registo altamente explosivo, Kevin Spacey (nomeado ao Golden Globe para Melhor Actor de Comédia) dá corpo e alma a uma personagem indescritível.
Durante mais de 1h30 assistimos incrédulos aos distúrbios provocados por um homem que simplesmente tinha mais poder e menos juízo do que o que devia!
Percorremos os corredores do poder, os bastidores da política e as capas das principais revistas norte-americanas. Sem pudor nem compaixão vemos como o dinheiro e a reputação é algo incrivelmente relativo e volátil!
Existem Homens dispostos a tudo, Homens permeáveis a tudo e, logicamente, intermediários que providenciam o encontro de ambos. Homens “de fé” sem escrúpulos que movimentam milhões, que vivem vidas de luxúria e que não conhecem o significado da palavra fidelidade!
George Hickenlooper vem do mundo dos documentários… e nota-se! Muitas vezes sente-se a preocupação em apresentar de forma precisa todos os dados e argumentos dos envolvidos, poucas vezes dando azo à magia ou imaginação da 7ª arte.
Ainda assim, mesmo perante o seu tom jocoso, acaba por funciona muito bem como filme-denúncia! Faltará, talvez, um pouco de noção de entretenimento para o tornar numa obra mais abrangente e, consequentemente, de maior impacto (visual).
Estará para os políticos norte-americanos, como Fair Game estava para os seus serviços secretos. Talvez, por vezes, a verdade seja realmente demasiado dura para ser encarada… pelos cornos!