“Happy-Go-Lucky” de Mike Leigh
Há filmes que, simplesmente, não entendo!
Neste caso mais do que não entender o propósito do filme, o que me choca mesmo é a atenção que este despertou aquando da sua estreia. Já para não falar do Golden Globe atribuído à “tolinha” Sally Hawkins (como Melhor Actriz Comédia/Musical!) ou da nomeação aos Oscars de Mike Leigh, pelo argumento original!?!
Falta de maturidade, de imaginação ou de abertura a novos meandros… talvez a culpa seja mesmo minha! Todavia, fora o desempenho da protagonista – num registo diferente mas não necessariamente resplandecente -, tudo o mais parece-me apenas… simplório.
É de louvar a mensagem, a postura e a intenção, no entanto, que me conste estes não serão atributos sine qua non para construir uma obra (cinematograficamente) relevante! Mike Leigh, já por diversas vezes demonstrou a sua sensibilidade para escrever e contar-nos histórias do nosso quotidiano, de forma subtil e sumptuosa porém, Happy-Go-Lucky é de tal forma outside the box que só mesmo alguém distinto poderia (quem sabe?) compreender a sua grandeza.
Poppy (Hawkins) acredita que mais um sorriso e mais um gesto carinhoso nunca serão demais! No seu mundo muito peculiar (e normalíssimo), a professora primária do norte de Londres, distribui alegria, caridade e atenção por todos os que a rodeiam, sem olhar a quem, nem a quantos! Essa sua atitude contagiante perante a vida, parece agradar e alastrar-se à maioria mas, como em tudo, há sempre aqueles que pensam de forma diferente!
Tantas vezes crítico para com as distribuidoras nacionais (terei o sido, certamente, para com a sua opção em não estrear este filme nos nossos cinemas), tenho de reconhecer que aqui não restariam muitas dúvidas. Terá sido preciso coragem para tomar a decisão de “enviar” o filme direct-to-DVD mas há que lhes agradecer (desta vez) pelo gesto!
A minha humildade permitir-me-à reconhecer que não entendo tamanha comoção internacional por um filme que, ainda assim, coleccionou elogios, prémios e nomeações!
Talvez tenha de aprender a sorrir mais ou a ser (e fazer) mais pelos outros para perceber a mensagem do filme.
Até lá, resta-me reclamar pelas 2h… perdidas!