“O Discurso do Rei (The King’s Speech)” de Tom Hooper
Bem passemos, para já, por cima da antestreia de 3ª feira. A situação a isso o obriga!
4ª feira tivemos, no cardápio, The King’s Speech, o mais aguardado e galardoado filme da temporada pré-Oscars!
Depois dos prémios conquistados nos Sindicatos (Guilds) norte-americanos de Produtores, Realizadores e Actores, as expectativas em redor do filme não poderiam ser muito maiores!
Mas… por muito que aprecie os desempenhos de Geofrey Rush e, sobretudo, de Colin Firth, o filme não consegue fazer jus a tanta comoção. Gostos são gostos mas para além dessa questão subjectiva, um filme com estes pergaminhos tem a obrigação de ser arrebatador e este, ainda que fique lá perto, não o consegue ser!
Colin Firth, esse sim é arrebatador! Depois de, no ano passado, ter visto ser-lhe “roubado” o Oscar, após o seu brilhante trabalho em A Single Man, o actor britânico volta a ter um dos mais marcantes desempenhos do ano, ao encarnar com classe e bom espírito o sisudo (e gago!) rei George VI.
Junto a ele, Helena Bonham Carter (fiquei sem perceber a que se deve a sua nomeação como Actriz Secundária) assumindo as dores do seu esposo e Geoffrey Rush (merecidíssima a sua nomeação como Actor Secundário!) no papel do homem e amigo que ajudou o Duque de York a superar os seus receios e a tornar-se no rei George VI.
Anos 30, um inseguro e gago filho (Firth) do rei George V, procura a ajuda de qualquer curandeiro (de preferência com boas referências) para curar o seu problema de dicção. Após várias infrutíferas tentativas e alguns vexames públicos, o 2º na linha de sucessão da coroa britânica encontra no invulgar e pouco ortodoxo Lionel Longue (Rush), o professor (e amigo) ideal para lidar com o seu problema.
Enquanto nítidos progressos são visíveis, a herança da coroa britânica torna-se num assunto premente. Estará o Duque de York à altura das exigências de tal herança? Que efeito terá a II Grande Guerra na sua herança governamental? E numa era em que a radiofonia assume extrema preponderância, estará o Rei George VI “apto” a enfrentar esse aparelho?
Alternando momentos de forte tensão dramática, com situações de puro relaxamento e bom-humor (ainda que totalmente british!) o filme conduz-nos com elevada qualidade até ao seu clímax. No entanto, seja por se tratar de uma história verídica, seja porque faltou alguma arte ao argumentista, o filme parece demasiado preso a um enredo cativante mas algo amorfo e rectilíneo.
Sem dúvida uma obra bem acima da média, na qual se destaca a interpretação de Colin Firth, o seguro e inspirado complemento de Geoffrey Rush e uma realização sem receio de entregar o filme aos seus protagonistas!
Gostei, gostei muito mas não me apaixonei logo à primeira vista!
O verdadeiro!
Outro Discurso, agora em carne e osso!