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“Bruna Surfistinha: Uma Vida Nada Fácil” de Marcus Baldini


“Mulher de vida fácil” é assim que desde sempre nos referimos, no Brasil, às mulheres que se prostituem. Bem, apesar do que o eufemismo sugere as prostitutas não têm uma vida fácil. Ao contrário, a prostituição para elas, aconteceu como uma saída natural para a pobreza, para a rigidez familiar, para a solidão.

Prostituição é, acima de tudo, uma profissão que só é reconhecida como um bem maior por quem precisa dela – prostitutas e clientes.

Então o que leva uma adolescente de classe média alta, que freqüenta uma boa escola particular, morando em um bairro nobre da capital paulista abrir mão de todos recursos e privilégios para investir no soturno e sombrio universo da prostituição? Esse é o mote de Bruna Surfistinha, a mais nova sensação das bilheterias brasileiras.

O filme do diretor Marcus Baldini é estrelado por Deborah Secco que se doou para o papel, é bonita e atraente apresentando um magnetismo raro de se ver na tela. E não são pelas cenas de sexo, mesmo porque não se trata de um filme erótico, apesar da idéia do sexo ser omnipresente. O que mais importa no filme é o drama da personagem e, paradoxalmente, talvez resida aí a sua maior fragilidade, pois o Diretor nunca deixa claro as razões da personagem para abandonar a família e abraçar a vida de prostituta criando um hiato narrativo e mutilando a verdadeira história que transformou a Raquel Pacheco em Bruna Surfistinha.

Outro aspecto que não deixa de ser um elemento bastante interessante do ponto de vista da contemporaneidade é, em tempos de rede social, como alguém consegue se transformar na prostituta mais famosa do Brasil graças a um blog! A propósito, o número de filmes sobre a fama através da rede mundial tem aumentado, ganhando importância e uma abordagem reflexiva no cinema. Prostituta pop star? Somente em uma sociedade high tech isso teria alguma chance de acontecer.

O Final parece abreviado, contraproducente, sendo um dos aspectos negativos do filme. A tentativa de redenção depois de uma vida extravagante, sem base e sem referência, com excessos de álcool e drogas poderia ser um tópico mais bem explorado pela lente do Diretor, um terreno fértil e a melhor matéria prima para um bom drama, afinal esta parece ser uma tarefa difícil para uma mulher de vida fácil.

by CHRISTIAN FALKEMBACH

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