“Rango” de Gore Verbinski
Depois do sucesso planetário de Pirates of the Caribbean, Gore Verbinski e Johnny Depp reencontram-se, agora, num filme de animação que foge a qualquer regra ou paradigma!
Uma primeira parte de imenso fulgor e imaginação é condicionada por um desenlace mais modesto e comedido.
Ainda que perdendo um pouco do seu tom mais sarcástico e bem-humorado, o filme nunca perde o seu rumo e surpreende de início a fim!
Rango (no original, Depp) é um camaleão sui generis não muito habituado às agúrias da vida real que se vê a braços com uma mudança brusca na sua pacata existência.
Caminhos tortuosos irão levá-lo a Dirt, uma pitoresca cidade do Wild West norte-americano que anseia por um novo sheriff para repor a calma e a ordem.
É que a água escasseia e numa cidade habitada por corujas, ratos, toupeiras, serpentes, tartarugas… TUDO pode acontecer!
Recuperando a ideia inicial, os primeiros 30-45m do filme são realmente fantásticos. Um chorrilho de personagens e situações que irão certamente arrancar gargalhadas até ao mais carrancudo dos espectadores, tendo como foco central o enigmático Rango… e que bom é ouvir a voz original de Johnny Depp!
Provas faltassem Rango confirma irrefutavelmente que os filmes (até os de animação!) ganham outra grandeza e outro impacto quando reproduzidos na sua versão original. Várias vezes, por entre os maneirismo e expressões de Rango, deslumbramos aquele que actualmente será um dos maiores (senão o maior!) actores de uma geração que procura (especialmente na arte) algo de verdadeiramente genuíno.
Para além da sua vertente cómica, Rango funciona, também, bastante bem como homenagem ao western, não várias vezes piscando o olho a algumas das mais memoráveis cenas que imortalizaram aquele género.
Depois, lá bem perto do fim, a história segue um rumo distinto, perdendo o seu lado mais genuíno, para nos presentar com um desenlace bem aquém das expectativas.
À partida, só um tolo daria luz verde a um projecto como este. Um realizador habituado a grandes blockbusters, um argumento sarcástico e corrosivo e umas personagens, muitas delas, horripilantes à primeira vista.
Porém, depois no primeiro impacto, facilmente nos deixamos encantar (e inspirar) por este universo distinto e jovial. Em cada esquina há um momento aterrador mas, logo ao lado, uma gargalhada bem sentida!
Ah… se tivesse havido talento para desamarrar este complexo novelo e estaríamos perante um dos grandes filmes de animação dos últimos anos!!
Assim, teremos que nos contentar com um genuíno… BOM!