“O Código Base (Source Code)” de Duncan Jones
Depois de Moon, Duncan Jones passou a ser, obrigatoriamente, um nome a reter e… a seguir!
Pois bem, eis o seu mais recente trabalho.
Source Code demonstra que com maiores recursos, ideias mais complexas e actores mais reconhecidos pode-se fazer cinema de… igual qualidade!
Apanágio da obra do jovem realizador, ambientes claustrofóbicos, realidades distorcidas e heróis improváveis continuam a ser os elementos mais influentes do seu cinema.
De regresso à Terra mas em parte (ou partes) incerta, voltamos a vibrar com uma obra intensa e inteligente que faz lembrar várias vezes, a mítica série do início dos anos 90, Quantum Leap (com Scott Bakula).
Seguindo alguns dos princípios da série (que deixo aos mais curiosos o intuito de pesquisar), o filme de Jones vai muito para além do puro entretenimento, tentando levantar algumas sérias questões relativamente ao nosso propósito neste mundo e aos múltiplos “cenários” que tal resposta nos pode desvendar (aliás, em linha com o espírito de Moon!).
A grande evolução relativamente à sua obra de estreia está precisamente na capacidade de contar uma história diferente (envolta em elevados princípios filosóficos e científicos) que nos mantém num estado de constante interrogação, ao mesmo tempo que nos apresenta um produto de entretenimento de considerável qualidade!
A cada “viagem” do Coronel Colter Stevens (Jake Gyllenhaal), deixamo-nos cada vez mais de nos preocupar para onde ele vai, para nos concentrarmos em descobrir de onde ele vem! Se queremos perceber a todo o custo quem é essa simpática Christina (Michelle Monaghan), somos ainda mais impelidos a procurar respostas relativamente às intenções e aos segredos que nos guardam a soldado Goodwin (Vera Farmiga) e o Dr. Rutledge (Jeffrey Wright)!
Duncan Jones remete-nos para a pele de protagonistas. Sabemos o que ele sabe, sentimos o que ele sente, procuramos o que ele procura. A certa altura partilhamos os mesmo ideais e a partir desse momento, tudo nos parece natural e fluído… como se fossemos nós a dirigir a acção.
Se Moon era apenas para alguns, Source Code será para muitos e fico realmente feliz em ver que, mesmo em Hollywood, é possível a um artista talentoso transportar a sua visão (peculiar) para um filme de outras proporções!
Nem só de músculos, explosões e moças bonitas (e desnudas) vivem os filmes de acção. De quando em vez lá aparece um ovni que destoa da maioria… e conquista o público por completo, graças à mistura certa de inteligência, suspense e imaginação.
A ver vamos se os portugueses lhe garantem (nas bilheteiras) o devido reconhecimento!