“A Vida, Acima de Tudo (Life, Above All)” de Oliver Schmitz
Fruto das maravilhas das antestreias, tive a oportunidade de assistir a mais uma invulgar obra que foge, por completo, ao paradigma actual do cinema (comercial) que circula pelas salas nacionais.
Da autoria do sul-africano Oliver Schmitz, está co-produção Alemã/Sul Africana, faz-nos chegar um retrato imparcial e emocional da vida (e morte!) numa aldeia remota no interior desse imenso país africano.
Sem meias medidas nem paninhos quentes, Schmitz concentra a sua câmara no frágil mas destemido rosto de Khomotso Manyaka que, apesar de se estrear na 7ª arte, não demonstra qualquer receio em assumir todo o protagonismo…
Após a prematura morte do seu mais novo membro, uma bastante humilde família sul-africana tenta recompor-se das feridas abertas. Porém, um pai bêbado, uma mãe fragilizada por uma persistente doença e duas crianças ainda muito novinhas, obrigam a jovem Chanda (Manyaka) a um esforço sobre-humano para tentar manter a sua família unida.
Enquanto a saúde da sua mãe (Keaobaka Makanyane) se deteriora rapidamente e sem uma resposta clara a todas as suas questões, Chanda terá que enfrentar os seus próprios medos e (literalmente) mover montanhas para que a sua casa se mantenha humilde mas digna!
É impossível ficar indiferente ao fado da jovem menina! Sentimo-nos, acima de tudo, impotentes para tentar “ajudar” quem mais necessita! Apesar do nosso esforço, é difícil encontrar uma solução ideal que permita ao menos suavizar esta complexa situação. Resta-nos partilhar das suas preces, das suas dúvidas e aguardar que algures algo de bom lhes suceda!
A momentos, sentimos um frio na espinha perante a humildade, a pobreza e o “azar” destas pessoas, pois muito embora estaremos perante uma obra de ficção, haverá certamente muitos casos reais que lhe serão em tudo semelhantes!
Num mundo tão egoísta e “desligado” como o de hoje, é sempre bom perceber que algures existem pessoas tão simples mas tão calorosas como Chanda.
Fica o exemplo!