“Meia-Noite em Paris (Midnight in Paris)” de Woody Allen
Ainda imbuídos do espírito francês que nos preencheu grande parte das férias, o dia de regresso contou no cardápio com a mais recente obra de Woody Allen (nada mais adequado!).
E o encanto começou ainda antes do genérico inicial. Só o cartaz (ao estilo impressionista) já me provoca um arrepio na espinha!
No seu périplo europeu (depois de Londres seguiu-se Barcelona, Paris e, no próximo ano, Roma) Woody Allen tem aproveitado (os apoios estatais e) a inspiração para conjugar o seu talento invulgar com a capacidade para “vender” algumas das mais emblemáticas cidades do “velho continente”.
Match Point “apenas” adensou a minha vontade de regressar à capital inglesa. Vicky Cristina Barcelona, convenceu-me a explorar a Catalunha. Já este Midnight apenas confirmou aquilo que já sabia, Paris é, de facto, a cidade mais bonita do mundo!
E algo me diz que em breve estarei de malas feita para… Roma.
Deixando de divagações, no genérico inicial o realizador nova-iorquino presta a sua modesta homenagem à “cidade luz”. Curtos planos, apresentam a cidade ao mundo (se tal ainda fosse necessário) e depois, até ao fim do filme, faz-nos reviver o que de melhor ela nos ofereceu no último… século!
O único plano fora da cidade é logo na 1º cena, em Giverny (que curiosamente revisitei há bem pouco tempo!), local idílico e obrigatório para os amantes da natureza, da beleza e do impressionismo! Depois disso seguimos as peripécias de um Woody Allen mascarado de Owen Wilson enquanto este se perde (ou reencontra-se?) pelas ruas e margens de Paris.
O filme culmina na emblemática Pont Alexandre-III, nada mais poético!
Nos entretantos, durante pouco mais de 1h30 percebemos que o mundo de Woody Allen e do ser alter-ego do momento Gil Pender (Wilson) não tem limites (temporais). A busca por algo sublime que ajude a dar sentido à sua escrita (e à sua vida) levará Gil por caminhos glamourosos. A sua noiva (Rachel McAdams) filha abastada de um magnata dos negócios, será a antítese do próprio protagonista, deixando-se levar pela petulância e ousadia de um erudito Michael Sheen.
Mas Gil pouco se preocupa com isso. Porter, Hemingway, Fitzgerald, Picasso, Dalí, Buñuel, Matisse, Gauguin, Toulouse-Lautrec e a enigmática Adriana (Marion Cotilard) parecem despertar bem mais a curiosidade e o encanto do jovem escritor.
Obra inclassificável do veterano realizador. Midnight in Paris funciona como uma sentida ode a uma cidade que viveu momentos eternos e que continua a eternizar o momento de cada um de nós.
Recheado de humor, drama, fantasia e introspecção a mais recente obra de Woody Allen confirma todo o seu virtuosismo e a sua contemporaneidade. Ao contrário das suas personagens, o realizador parece saber precisamente a melhor forma de se renovar e de se adaptar ao novo mundo (cinematográfico) mas sem nunca perder a(s) sua(s) origem(ns)!
Um cartão postal carregado de alma e sedução que ajuda a perceber, um pouco melhor, o que faz de Paris um lugar eterno.
Quem ainda não se apaixonou não resistirá a este golpe fatal!
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Trailer
Mais um encanto:
Eu tb adorei este filme!
Apesar de ser bom não me cativou muito. 3*