“Incendies – A Mulher que Canta” de Denis Villeneuve
Não seria um filme qualquer que viria acompanhado dos mais rasgados elogios, de tamanho prestígio (Melhor Filme Canadiano e a nomeação aos Oscars como Filme Estrangeiro) e de tanto secretismo.
A história é simples. Dois gémeos falsos (Mélissa Désormeaux-Poulin e Maxim Gaudette) descobrem após a morte da mãe (Lubna Azabal) que têm mais um irmão e seguem para o Médio Oriente a fim de compreender o passado da sua mãe e perceber as suas origens.
Parece tudo muito simples mas a vida de Jeanne e Simon (os gémeos) é como a de todos nós… nada é tão simples quanto parece. Já a mãe de ambos teve um passado distinto – para não dizer outra coisa!
À medida que vamos acompanhando a história da vida de Nawal Marwan, vamos percebendo um pouco melhor o inesperado presente e o imprevisível futuro…
Um valente murro no estômago é o mínimo que o comum dos mortais irá sentir ao ver o filme. Durante largos minutos partilhamos (com os protagonistas) o desconforto de uma história que parece incoerente, o terror perante uma realidade demasiado fria e violenta e a necessidade de descobrir como tudo termina.
Graças a um elenco virtuoso – onde se destaca Azabal -, um realizador corajoso e criativo e um argumento que coloca, por exemplo, The King’s Speech a um canto (simplesmente o vencedor do Oscar para Melhor Argumento Original), é apresentado um filme que nos deixa a pensar bem para lá da sala de cinema.
É uma História verdadeira – ainda que não baseada em factos verídicos – que nos dá a conhecer uma realidade não assim tão distante como queremos reconhecer. Mas é, também, uma obra imaginativa que encanta o mais exigente dos cinéfilos e arrebata todos aqueles que tenham a disponibilidade (e o estômago) para se deixarem levar por tamanho turbilhão.
Em Portugal foram apenas 620, as pessoas que, no fim-de-semana de estreia, tiveram o privilégio de tal momento.
Hoje sinto-me um cinéfilo… à parte!
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