“Puro Aço (Real Steel)” de Shawn Levy
Agora Real Steel!
Promovido como um filme de robôs lutadores de boxe, as informações vindas do outro lado no oceano deixavam antever que o mais recente trabalho de Shawn Levy (Date Night, Night at the Museum) traria algo mais para além das máquinas… e traz!
Confirmando as mais audaciosas expectativas, apesar do muito ferro e aço dobrado, o filme acaba mesmo por derreter… corações.
Não se deixem enganar, os duelos robóticos dentro do ringue (improvisado ou esplendoroso) são o elemento mais vistoso do filme mas há, também, muita alma numa história fraterna de um pai que descobre(-se e) tudo o que perdeu…
2020, os humanos abandonaram definitivamente os ringues, deixando a luta entregue a incríveis máquinas de destruição que encantam as audiências e tornam este desporto num intenso duelo de estratégia, informática e inteligência artificial.
É neste contexto que encontramos Charlie Kenton (Hugh Jackman) e Bailey Tallet (Evangeline Lilly). Ele, um ex-pugilista com sonhos de grandeza. Ela, a filha do seu antigo treinador e a sua única ligação à realidade, crua e dura.
Mas o mundo de Charlie está prestes a ser, irremediavelmente, abalado. O seu filho (que nunca teve a seu lado) ficará a seu cargo durante um longo Verão. E enquanto Charlie prossegue as suas duvidosas apostas, Max (Dakota Goyo) rapidamente dá a entender que é filho… do pai.
Desta improvável ligação irá nascer uma cumplicidade fulminante.
O único senão que senti durante o filme foi uma intensa aproximação ao enredo apresentado num dos grandes clássicos do final da década de 70, The Champ. Com um contexto totalmente contemporâneo, com diferentes premissas e cenários, Real Steel acaba por pecar ao não apresentar uma historia totalmente original.
Ainda assim, duvido que os intervenientes se incomodem com tamanha comparação!
Jackman parece acertar em todas! Wolverine, Australia, The Prestiege, a Cerimónia dos Oscars… a vida do actor australiano parece correr de vento em popa. E Real Steel irá certamente incrementar ainda mais a sua universalidade na 7ª arte.
Quanto a Dakota, depois de surgir como um jovem Thor, no filme do mesmo nome, o (muito) jovem actor canadiano confirma requisitos, captando desde cedo a atenção do público de todas as idades.
Mas a grande surpresa vem mesmo da cadeira de realizador. Shawn Levy que nos habituou a comédias mais ou menos tresloucadas, assina aqui um filme bastante distinto, conjugando entretenimento juvenil com uma bela história familiar.
É daqueles filmes que nos deixa um aperto no peito… não, necessariamente, do ataque cardíaco que as lutas nos provocam mas, muito mais, da emoção que nos invade!
Um filme que vai muito para lá dos videojogos ou do egoísmo paternal…
Num casamento quase perfeito entre entretenimento e mensagem social!
A título de curiosidade aqui fica o trailer de The Champ (1979), com Jon Voight e Faey Dunaway.