“Um Método Perigoso (A Dangerous Method)” de David Cronenberg
Vinha rotulado como um dos principais candidatos aos Oscars deste ano, graças a um elenco de luxo, um realizador conceituadíssimo e um trio de personagens reais e complexas.
Parte do imaginário de todos nós, a vida e obra de uma figura tão controversa como Sigmund Freud não poderia ser, obrigatoriamente, uma história fácil…
E quando a isto juntamos a sua convivência com Carl Jung, aparentemente um dos mais conceituados psicanalistas da História (confesso que nunca tinha ouvido falar d0 homem!), estamos perante caminhos… tortuosos!
A terceira peça deste puzzle é Sabina Spielrein, uma doente peculiar que ajudará a aprofundar as diferenças… e as semelhanças entre os dois amigos e rivais.
Sem dúvida que a grande atracção do filme resulta das interpretações de Keira Knightley (ainda que se possa argumentar algum overacting), Viggo Mortensen (actualmente um habitué na obra de Cronenberg) e Michael Fassbender (um dos mais profícuos actores do ano!). Juntos nesta recriação de inícios do século XX, os três protagonistas têm a liberdade necessária para extravasar emoções e comportamentos peculiares.
No centro da história temos Carl Jung (Fassbender), o responsável médico de hospital psiquiátrico nos arredores de Zurique e um ávido explorador de técnicas inovadoras. Nesta sua viagem irá encontrar-se com Sabina Spielrein (Knightley), primeiro sua paciente e depois sua colega (e amante!), com quem estabelecerá uma sensível relação.
É neste contexto que Jung irá estabelecer, pela primeira vez, contacto com Sigmund Freud (Viggo Mortensen), na altura já um conceituado psicanalista, com quem estabelecerá novas bases para o desenvolvimento de uma ciência, até então totalmente desvalorizada pela comunidade médica e social. Até onde poderão dois egos tão distintos conciliar interesses e preocupações, em prol de uma “nova ciência”?
Cronenberg é magistral a dirigir talentos que, por sua vez, não lhe ficam atrás em qualidade. O grande senão do filme é a terrível sensação de ter terminado 30m antes do fim! No momento em que as personagens se tornam familiares e totalmente confortáveis no seu mise-en-scene, a histório termina, para mais quando parecia haver tão mais para contar.
Sabemos que é sempre complicado a um biopic condensar ou seleccionar as partes realmente relevantes. Neste caso, como o próprio título indica, Cronenberg preocupou-se em explorar o perigoso método que Jung e Freud tentaram implementar e “vender” a uma sociedade austera mas ávida de novas descobertas.
Mas 1h30 também me parece um pouco de preguiça a mais, certo?!?
Com isso ficamos com um filme competentíssimo mas que poderia ter sido emblemático!
Gostei mas queria mais… muito mais!